Cerca de mil pessoas lotaram a Catedral metropolitana na noite de segunda-feira, 12, para homenagear Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e da igreja-mãe da arquidiocese de Montes Claros. Boa parte delas participou da procissão iniciada às 18h na Rua Germano Gonçalves, Bairro São José, em frente à Capela São José, e conduzida pelo padre Dorival Souza Barreto Júnior, na companhia de seu vigário, padre José Honório de Andrade. O arcebispo dom José Alberto Moura, que presidiu a missa, seguiu as leituras previstas para a data e fez uma homilia voltada para o papel da mulher na história da salvação cujo cume é a encarnação do verbo (Jesus), possível graças à aquiescência da jovem Maria de Nazaré.
Dom José Alberto lembrou que a festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida começou no ano de 1717, quando três pescadores, já sem esperança de conseguirem peixes para a refeição do Conde de Assumar, dom Pedro de Almeida e Portugal, recém-chegado à cidade de Guaratinguetá, interior paulista, apanharam nas redes, em duas partes, a imagem enegrecida, pelo barro e pela água do rio Paraíba do Sul, de Maria, uma alma inquebrantável em sua beleza. Daí emergiu um dos maiores santuários marianos do mundo, localizado em Aparecida que, anualmente, recebe milhões de peregrinos.
- Percebemos no decorrer da história a fascinação da mulher que, apesar de ter levado o homem a pecar, no caso de Adão e Eva – conforme narra o livro do Gênesis, no Antigo Testamento –, na grande maioria das vezes deu importantes exemplos de coragem, interlocução e intercessão que, a propósito, contribuíram decisivamente para o resgate de muitos. Caso da rainha Ester, esposa do rei persa Xerxes I. Embora mantivesse segredo de sua descendência da Tribo de Judá, Ester, sob orientação de Mardoqueu, seu pai de criação, reveste-se de coragem e, depois de agradá-lo com sua beleza, pede ao monarca que livre os judeus da completa extinção. No que foi prontamente atendida. Presente no Livro de Ester, igualmente pertencente ao Antigo Testamento, esse episódio deve ser analisado não apenas sob o aspecto histórico, mas também no âmbito vivencial-perene, vez que o povo estava sedento de salvação, comentou.
Noutro momento, o líder religioso, já no evangelho, menciona Maria, que demonstrou coragem ao aceitar a maternidade do Filho de Deus, em quem confiou plenamente.
- Na interlocução humana, Maria apresenta-se como servidora (...), foi até o fim em sua missão; agradou seu Filho para que Ele nos elevasse à condição de vida perene, eterna, disse. Ainda no Novo Testamento, Dom José Alberto chega ao Apocalipse, último livro bíblico, onde João compara a Igreja nascente à mulher, corajosa o suficiente para enfrentar o dragão, o perigo iminente.
- Uma mulher que concede à Igreja de que fazemos parte pelo batismo coragem, interlocução e intercessão, concluiu numa contextualização velada à arquidiocese de Montes Claros que, em 2010, comemora seu primeiro centenário.