Imagens aéreas feitas do antigo lixão de Montes Claros, que deveria estar desativado, mostra que o local prossegue recebendo diariamente toneladas de entulho e lixo oriundos da maior cidade do Norte de Minas. 

A despeito de ser de responsabilidade do poder público municipal dar o destino correto aos resíduos sólidos, caçambas continuam sendo levadas para o aterro sanitário. Disposição final de resíduos que, por força de Lei Federal 13.308/16, que trata sobre o Plano Nacional de Saneamento Básico, já deveria estar encerrado há muitos anos. No entanto, o atual o governo não efetivou o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, já encaminhado em outras administrações. 

Como se não bastasse, a área do antigo lixão do Bairro São Geraldo, na BR-251, distante apenas 7 km do centro de Montes Claros, foi licitado visando o seu encerramento e ainda, credenciando empresa para recompor o solo, realizar drenagem para coleta do chorume e replantio de árvores. Tudo isso quando, desde 2016, encontra-se em operação a Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Mimoso, distante 15 km de Montes Claros, também em resposta a exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010.
 
TONELADAS DE LIXO 
Em novembro de 2021, a prefeitura de MOC firmou novo contrato com a empresa Viasolo Engenharia Ambiental, responsável pelos serviços de recebimento e destinação final de resíduos urbanos gerados em Montes Claros, que opera em Juramento. No município, não se tem dados do volume que é depositado todos os dias no antigo lixão, sabe-se apenas que em 2020 foram coletadas 84.292 toneladas de resíduos sólidos, que correspondem a quase 231 toneladas de resíduos por dia. 

Na quarta-feira (5), o secretário de Comunicação, Alessandro Freire, admitiu que o município, “continua executando serviços de limpeza pesada nos bairros da cidade, como no Bairro Alterosa, onde as máquinas já retiraram mais de quinze caçambas de lixo e entulho”. Desse modo, admitiu que o entulho, que deveria ser descartado de modo correto, acaba indo para o antigo aterro todo tipo de lixo.

Descomissionamento

Também na quarta-feira (5), a vereadora Iara Pimentel (PT), diante das imagens aéreas do aterro, adiantou que estava solicitando informações da administração a cerca da área do antigo lixão de MOC, “há 26 anos pauta de debate no município por ter abrigado, no início desse século, famílias em condições insalubres”. Explicou que “as famílias não estão mais no local e o município dispõe da Central de Tratamento de Resíduos (CTR), mas a área do antigo lixão segue degradada e recebendo resíduos”.  

“Não sou funcionária de nenhum órgão municipal, mas são nítidos a degradação e o descaso, porque a área continua recebendo alguns tipos de resíduos, o passivo é gigante e por longa data”, comentou a engenheira ambiental Alexia Malveira, diretora técnica operacional da Agência Reguladora de Saneamento do Norte de Minas (ARSAN, ouvida pela reportagem. 

O NORTE procurou Guilherme Guimarães Oliveira, secretário de Serviços Urbanos e vice-prefeito de MOC. De acordo com o secretário, o “aterro municipal está em processo de descomissionamento, sendo que o diagnóstico situacional foi concluído no final de 2022, e agora a Prefeitura tem o diagnóstico da presença de gases e lixiviados gerados ao longo de 40 anos de operação”. De tal forma que assegurou que “aos poucos a área segura está sendo utilizada por estruturas de produção, como Esurb, Vigilância Sanitária, etc”. Garantiu que “o aterro só recebe o material inerte recolhido para a Prefeitura”