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Homem é detido por tentar incendiar ex-companheira

Jovem de 20 anos vinha sofrendo ameaças desde o fim do relacionamento

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 27/02/2025 às 19:00.
Da esquerda à direita: Michele, escrivã especializada em crimes sexuais; Karine Maia, delegada de Montes Claros; e Sabrina, investigadora (LARISSA DURÃES)
Da esquerda à direita: Michele, escrivã especializada em crimes sexuais; Karine Maia, delegada de Montes Claros; e Sabrina, investigadora (LARISSA DURÃES)

Na última quarta-feira (26), um homem de 26 anos foi preso pela Polícia Civil (PC) em flagrante no bairro Monte Sião, em Montes Claros, após perseguir e tentar atacar sua ex-companheira com gasolina. A jovem, de 20 anos, era ameaçada há um ano, desde o fim do relacionamento. Segundo informações policiais, o agressor insistia em perseguir a vítima, com quem tem uma filha de três anos.

O caso se agravou na terça-feira (25), quando o agressor seguiu a vítima de carro e a abordou na saída da escola. “Ele desceu do carro e deu uma paulada nas costas dela. Como ela não caiu, ele tirou um galão de gasolina e jogou nela. O objetivo era atear fogo, mas, por não cair, ela conseguiu correr e se esconder em um matagal, onde permaneceu por horas até se sentir segura para sair”, Karine Maia, delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher. 

No mesmo dia, o agressor encontrou a mãe da vítima na rua com a criança e tomou a filha à força, ameaçando a avó e a mãe com o galão de gasolina. “A partir daí, começaram as ameaças constantes de que só devolveria a criança se ela fosse ao encontro dele. E a gente sabia que esse encontro poderia ser fatal”, explicou a delegada. 
 
AMEDRONTAMENTO
Ainda conforme a PC, o agressor enviava ameaças pelo WhatsApp para a avó e a mãe da criança. Karine Maia, delegada da Delegacia da Mulher, ressaltou a importância da busca por ajuda institucional: “A vítima nunca havia procurado a delegacia ou pedido medidas protetivas. Esse caso poderia ter resultado em um feminicídio”, alertou. Segundo a delegada, 90% das vítimas de feminicídio não tinham medidas protetivas. “É possível alguém matar mesmo com a medida? Sim, mas é a minoria” alerta.

A investigação agora busca definir os crimes cometidos. “Temos o crime de stalking, ameaça com causa de aumento de pena, vias de fato e, possivelmente, tentativa de feminicídio”, detalhou Karine Maia. O suspeito permaneceu em silêncio durante o depoimento e aguardava audiência de custódia. “Vamos torcer para que seja decretada a prisão preventiva, pois ele representa um risco iminente”, disse a delegada.

Maia reforçou a importância de denunciar casos de violência doméstica. “A mulher que estiver sofrendo qualquer tipo de agressão deve procurar a Delegacia da Mulher, o Ministério Público, a Polícia Militar ou qualquer órgão de apoio. Na delegacia, além do boletim de ocorrência, encaminhamos a vítima para outros serviços, como o CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), que oferece atendimento psicológico”, afirmou.

Sobre a retirada da criança pelo agressor, a delegada explicou que, por ele ser pai, não se configura crime automaticamente. “Precisamos avaliar se houve maus-tratos. Mas quando ele usa a criança como moeda de troca, a mãe corre um grande risco ao tentar recuperá-la”, ressaltou.

Em relação às estatísticas, Karine Maia informou que houve redução no número de feminicídios e crimes sexuais na cidade. “O mais importante é que aumentaram as denúncias. Precisamos fortalecer as mulheres para não aceitarem relacionamentos abusivos e escolham bem seus companheiros, principalmente quando têm filhos”, concluiu.

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