Neste domingo (16), o SAMU foi acionado para atender um homem de 57 anos que teria sido atacado pelo próprio cão, da raça rottweiler, em sua residência no bairro Roxo Verde, em Montes Claros. Quando os socorristas chegaram ao local, perceberam que a vítima apresentava deformidades e ferimentos na cabeça aparentemente causados por animal. Durante atendimento ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, foi tentada a reanimação, mas devido à gravidade dos ferimentos, não resistiu. Ainda de acordo com o SAMU, vizinhos prenderam o cão em um cômodo até a chegada do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que recolheu o animal.
Recentemente uma criança deu entrada em um hospital da cidade, vítima de ataque de um Pitbull dentro da própria casa.
Embora ataques frequentes aconteçam em casa, o assunto reacendeu o questionamento sobre o uso de focinheiras em algumas raças de cães em locais públicos. A ausência do acessório inibe transeuntes como Beatriz Silveira, que, temerosa, abandonou as caminhadas em parque público da cidade.
“Não frequento mais o Parque Municipal, porque algumas vezes encontrei pessoas com seus cães de raça perigosa transitando livremente pela pista de caminhada sem o cuidado de colocar a focinheira. Gosto de animais, mas locais públicos são de todos e quem frequenta deve estar dentro da lei e respeitar os demais”, disse.
Em 2004 foi aprovada e sancionada a Lei de n° 3216, de autoria da então vereadora Fátima Pereira, que instituiu o uso obrigatório de coleira, guia de condução, enforcador e focinheira em cães de grande porte, como os da raça rottweiler, fila, Pitbull, pastor alemão, doberman argentino e outras raças tidas como “perigosas”, quando forem conduzidas em vias e logradouros públicos.
COMPORTAMENTO ANIMAL
Para o adestrador e especialista em comportamento de cães, Elielton Dias Xavier, “infelizmente existem aqueles tutores que sempre dizem que o cão dele não morde, que é bonzinho. Não existe cão que não morde. Ele tem o momento dele. Pode acontecer um acidente, assim como pessoas que estão num veículo, deixam de usar o cinto de segurança e se sujeitam a um acidente”, exemplifica. Elielton alerta ainda para um comportamento arriscado, que alguns tutores praticam. “Além de não usarem o equipamento, eles conduzem o cão solto, até sem uso da guia”.
Sobre os ataques aos próprios donos, o adestrador explica que todo cão pode atacar, mas não é normal que ataque o dono. O provável é que haja algum histórico de violência do tutor para com o cão, ainda que seja uma simples medida de correção.
“Às vezes o dono mantém um cão preso a uma corrente, ou corrige o cão batendo. Neste caso, quebra-se o ciclo de amizade e a conexão. Numa próxima vez que é tentada alguma ação com o cão, ele já está pronto para a reação”, explica o adestrador.
Questionada sobre a fiscalização do cumprimento da lei n°3216, a assessoria de comunicação da prefeitura de Montes Claros não respondeu até o fechamento desta edição.