Samuel Nunes
Repórter
A presidente do Grappa - Grupo de apoio à prevenção e aos portadores da aids do Norte de Minas, Tati Viana disse que as desigualdades de gênero fazem parte do cotidiano das mulheres e que existe uma necessidade urgente de garantir a cidadania a elas para que desta forma ocupem de fato o seu lugar na sociedade.
Segundo Tati Viana, a entidade, junto com outros organismos representativos, desenvolve um projeto no sentido de reduzir a transmissão do vírus HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis promovendo, desta forma, conscientização no meio feminino.
- Temos como estratégias as atividades de trabalho de campo, mantendo um processo contínuo de prática de sexo seguro com realizações de reuniões específicas para disponibilização de insumos e informações sobre saúde, cidadania, direitos e qualidade de vida - explica.
ATIVIDADES
Tati Viana destaca como ponto de partida as atividades que acontecerão semanalmente em pontos de prostituição feminina, pontos de concentração da população lésbica, bissexuais, heteressexuais, associações de mulheres de bairros periféricos de Montes Claros e em sistema de rodízio nos municípios de Itacarambi, Manga, São João do Paraíso, Pirapora e Januária.
Salienta ter a expectativa de que o nível de consciência e cidadania das mulheres alcançadas aumente, garantindo assim a mudança de comportamento das mulheres frente às questões relacionadas às DST/AIDS.
- Detectamos a necessidade de um trabalho direcionado para mulheres em geral, pois a epidemia da aids ao longo dos anos vem mudando o seu perfil epidemiológico: hoje ela vem se concentrando também entre as mulheres - argumenta.
NÚMEROS
A presidente do Grappa revela que em 1985, para cada mulher com HIV, havia 26,5 homens infectados. Em 2005, essa razão chegou a 1,4. De acordo com ela, em algumas regiões, como no Norte de Minas, o índice é ainda menor sendo um homem para 1,07 mulheres.
- São dados do Programa Municipal DST/Aids.
Tati Viana observa que a cidade dispõe de um acompanhamento nos dois Saes - Serviço de assistência especializada em torno de 233 mulheres. Segundo ela, serão realizados trabalhos de prevenção, propostos no projeto nos municípios de Pirapora, Januária, Itacarambi, Manga e São João do Paraíso, com Índice de Desenvolvimento Humano de 0, 758, 0, 657, 0, 603, 0, 622, 0,644, respectivamente.
- O número de mulheres infectadas pelo HIV vem crescendo assustadoramente em nossa região. No SAE municipal, o número de mulheres em acompanhamento já é superior ao número de homens. Essa maior vulnerabilidade da mulher norte mineira se deve principalmente às questões relacionadas às desigualdades de gênero, decorrente de fatores sócio-econômicos e culturais - diz. .
MINIMIZAR
Ela afirma ainda que o projeto visa minimizar a atual situação do público feminino, sendo uma iniciativa que busca atentar as mulheres para a existência da epidemia entre elas e para a percepção de que elas estão vulneráveis e devem encontrar mecanismos para a sua proteção.
- É preciso que as mulheres sejam protagonistas da prevenção e da conquista do acesso à saúde e aos direitos fundamentais para o exercício da cidadania. O Grappa tem como objetivo e missão contribuir para a diminuição da epidemia do HIV/AIDS na região, desenvolvendo ações preventivas, educativas, assistenciais junto aos portadores do HIV /AIDS, seus familiares, comunidade. É uma ONG de utilidade pública municipal e utilidade pública estadual, por isso, consideramos este projeto relevante e essencial para diminuir os índices de mulheres infectadas - finaliza.