Cidade

Frequentadores alegam falta de estrutura no Parque Municipal

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 09/02/2024 às 20:04.
Embaixo do restaurante, a sala onde deveria funcionar o posto policial continua fechada (MÁRCIA VIEIRA)

Embaixo do restaurante, a sala onde deveria funcionar o posto policial continua fechada (MÁRCIA VIEIRA)

Realizada pela administração municipal em outubro de 2023, a revitalização do Parque Municipal Milton Prates não trouxe o resultado esperado pela população. Frequentadores habituais do local alegam que os principais obstáculos não foram resolvidos e que a entrega, apressada e anunciada como aquela que tornaria Montes Claros a “Cidade dos Parques”, apresenta mais deficiências do que benefícios.

A reportagem esteve no local e constatou a veracidade das reclamações. O maior impacto é em relação à segurança. Logo abaixo do restaurante, há uma sala destinada a abrigar um posto de policiamento, mas o local está fechado há meses. A informação é de que o proprietário do restaurante já teria cedido a rede de internet para facilitar a instalação, mas a prefeitura não se mobiliza para efetivar a situação. A ausência de segurança é um dos motivos pelo qual a dona de casa C.R. se sinta desestimulada e apreensiva ao frequentar o local. “Principalmente, depois daquela ocorrência, eu fiquei receosa. Não penso em voltar a fazer caminhada. É um lugar muito bonito. A prefeitura poderia olhar com mais atenção para ele”, diz.

A ocorrência a que ela se refere aconteceu no dia 24 de janeiro, resultando em uma troca de tiros na porta do parque, quando uma mulher foi assaltada e perseguiu os bandidos para recuperar os objetos. Eles ameaçaram a vítima, disparando tiros. A marca da bala está na parede na entrada do parque, e, por sorte, não atingiu funcionários nem visitantes. A Guarda Municipal, embora tenha um ponto de apoio no local, não é mantida em tempo integral no local.

Um pouco mais adiante, ao lado de uma quadra destinada à prática de exercícios e que recebe constantemente mulheres e crianças, há uma sala que está abandonada, com portas e vidros das janelas quebrados, por onde é possível vislumbrar a sujeira e acúmulo de lixo, tornando o local favorável à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Por ocasião da inauguração, o então secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Soter Magno, destacou que “ Montes Claros não está medindo esforços para atender a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de proporcionar 12 metros quadrados de área verde por habitante”, porém, no tocante à saúde e segurança, especialmente dos funcionários, a prefeitura deixa a desejar. Com o LIRAa em 8, 3% , índice alarmante de acordo com o último levantamento no município, os funcionários do Parque Municipal estão submetidos diuturnamente ao risco da dengue. Além das condições insalubres dentro do ambiente de trabalho, a secretaria não oferece repelentes e os obriga a custear do próprio bolso o produto, que deve ser reforçado, no mínimo, a cada duas horas. 

No ParCão (Parque para Cães) anunciado pela prefeitura como um espaço expressivo criado para receber os cães e seus tutores, a fiscalização é inexistente. Muitos deles adentram o local sem a focinheira, utilitário obrigatório para cães de grande porte e/ou raças que oferecem algum perigo. Os tutores chegam a agredir verbalmente os funcionários que fazem o alerta. “Sem a autoridade policial no local, os funcionários são constantemente ameaçados”, diz o personal trainer G.A., que frequenta diariamente o espaço e presenciou um desses ataques a funcionários. De acordo com informações divulgadas pela Prefeitura em 2023, o ParCão contaria com veterinário e outros servidores para garantir o bem-estar dos pets, mas não é o que se vê no cotidiano. 
 
PONTO POSITIVO
Em meio ao caos, um único lugar é elogiado pelos frequentadores. Uma sala com mesas e cadeiras infantis é destinada à educação ambiental. Qualquer criança que frequenta o parque pode acessar o espaço e receber ali informações de cunho ambiental por meio de oficinas e brincadeiras. Para Bruna Lima, que mora nas proximidades, “o espaço é uma ótima ideia, colorido, bonito e muito interessante. Os funcionários são muito receptivos, mas desisti de frequentar, devido à insegurança no todo”, diz a mãe. 

A criação do ParCão não consumiu recursos públicos e é proveniente de compensação ambiental. Já os demais gastos com a pretensa revitalização, não foram informados pela prefeitura. Buscamos entrar em contato com o atual secretário de Meio Ambiente, Fabiano Gomes, a fim de discutir as preocupações levantadas e estabelecer prazos para a resolução das deficiências. Contudo, até o encerramento desta edição, não obtivemos resposta.

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