Fabíola Cangussu
Repórter
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Cerca de três mil pessoas estão cadastradas em Montes Claros para doar medula óssea, número insuficiente para atender a demanda nacional. Os dados são do Hemominas. A desinformação é apontada pelos especialistas como o principal motivo da pouca procura dos possíveis doadores.
O cadastro nacional tem 500 mil doadores, a meta para 2008 é chegar 1 milhão. Segundo Gislane Andrade, responsável pelo setor de captação e cadastro de doadores de medula óssea do Hemominas, a falta de informação afasta os doadores, que têm medo que a doação seja da medula espinhal e provoque alguma complicação. Gislane afirma que as campanhas e os meios de comunicação têm papel importante para desmistificar essa idéia errônea.
- A doação é de medula óssea e não espinhal - informa Gislane.
Luciene Aparecida pretende se cadastrar para se tornar
doadora de medula óssea (foto: FABÍOLA CANGUSSU)
Levantamento do Hemominas de Montes Claros demonstra o aumento de cadastro quando existe campanha de esclarecimento. Em outubro desse ano, período de campanha intensa, 177 pessoas se cadastraram. Já em novembro, até o dia 26, apenas 96.
Gislaine comentou também a necessidade da participação de instituições públicas e privadas na divulgação. Uma parceria entre o Hemominas e o curso de farmácia da Funorte, poderá gerar ótimos resultados.
A responsabilidade da sociedade quanto ao transplante de medula óssea é real. A chance de encontrar doador em família é de 25%, já a de não-familiar dependendo dos casos, varia de 1/100, 1/1000, e em alguns casos, 1/1milhão. Essa dificuldade é principalmente pela diversidade genética brasileira causada pela miscigenação. O aumento de cadastro pode diminuir o tempo de espera.
A vendedora, Luciene Aparecida de Jesus, 27, disse que não fez o cadastro de doadora de medula óssea, mas já conversou em família, sobre sua vontade de doar seus órgãos após a morte. Tentou ser doadora de sangue, mas por não atingi o peso mínimo exigido, não pode.
- Como as exigências são menores do que a de doação de sangue, vou buscar informação e oficializar meu desejo através do cadastro - comentou a vendedora.
Rosana Pinto Soares, assistente social da Fundação Sara, disse que no dia 5 de dezembro, completa um ano de sucesso de transplante de medula de um adolescente atendido pela fundação. Paciente de Salinas, ele chegou à fundação precisando de transplante, depois de vários exames, concluíram que não havia doador compatível na família. Caso raro na medicina, dois doadores não-familiares foram encontrados, um em Belo Horizonte e o outro no Rio de Janeiro. A doação foi feita, e segundo Rosana o adolescente está bem, continua com os acompanhamentos médicos e pela fundação. E para garantir maior segurança, a entidade, com dinheiro de voluntários está reformando a casa do adolescente em Salinas, promovendo um ambiente limpo e com infra-estrutura básica, para evitar complicações.
COMO SE TORNAR UM DOADOR DE MEDULA ÓSSEA
1. Você precisa ter entre 18 e 55 anos de idade e estar em bom estado geral de saúde;
2. Procurar a Hemominas de Montes Claros, com documentos de CPF e Carteira de Identidade;
3. Será retirada, através de sua veia, uma pequena quantidade de sangue (10ml);
4. Seu sangue será tipado para HLA, que é um teste de laboratório para identificar sua genética;
5. Seu tipo de HLA será colocado no Redome - registro nacional de Doadores de Medula Óssea;
6. Quando aparecer um paciente, sua compatibilidade será verificada;
7. Se você for compatível com o paciente, outros exames de sangue serão necessários;
8. Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para decidir quanto à doação;
9. Seu atual estado de saúde será então avaliado.
10. A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas
