Comunidades rurais pedem socorro e a prefeitura não faz nada: situação em comunidade distante apenas 4km do centro da cidade dá uma mostra de como estaria o restante da zona rural

Jornal O Norte
Publicado em 05/12/2006 às 10:53.Atualizado em 15/11/2021 às 08:45.

Samuel Nunes


Repórter


samuelnunes@onorte.net



A zona rural de Montes Claros tem sido lembrada por alguns vereadores nos últimos dias em seus pronunciamentos na câmara municipal. As reivindicações são várias como, por exemplo, a melhoria das estradas.



A reportagem de O Norte esteve na manhã de ontem, em uma destas comunidades, que fica a pouco mais de 4 km do centro de Montes Claros e constatou que a situação é mesmo caótica e critica. Por mais de duas horas, o presidente da Associação de pequenos produtores rurais e moradores do Parque Verde e Mocambinho, Clemente Soares Moreira, e o vice-presidente João Carneiro Filho, levaram a reportagem em locais considerados de difícil acesso e onde algumas famílias estão à mercê da sorte e sofrem a falta de uma atenção por parte da atual administração do município.






Moradores sobrevivem em uma região degradada, onde os urubus


são presenças constantes em lixões
próximos às suas casas


(foto: Wilson Medeiros)



Eles contaram as dificuldades vivenciadas pelos moradores daquela comunidade, que é composta atualmente por mais de 80 famílias. Clemente Soares Moreira cobra da prefeitura a colocação do programa saúde da família naquela comunidade, pois os moradores têm que se dirigir até o bairro Vila Sion para se orientarem com algum médico.



FALTA DE ÁGUA



- A água é indispensável a todas as formas de vida.



Apesar de toda essa importância, Clemente Soares diz que falta água naquela localidade. Ele afirma que em algumas situações falta água até mesmo para fazer o café e cobra, da prefeitura, a perfuração de um posto artesiano de imediato para amenizar o sofrimento dos moradores.



- Viver sem água não dá, temos que ter o básico em nossa comunidade. Sem luz, a gente compra velas, mas  sem água o que podemos fazer? - pergunta Clemente.



E continua.



- Já paguei do meu bolso a passagem de caminhão-pipa na comunidade, pois a poeira em época de seca dificulta o dia-a-dia dos moradores e na chuva o problema se agrava com a situação de algumas estradas. Tem faltado à prefeitura fazer a parte que corresponde a ela, na realização de obras que beneficiem a comunidade - reitera.



CAMINHÃO-PIPA



De acordo com Maria das Graças moradora da comunidade, o caminhão pipa é a única forma de amenizar a falta de água.



- No entanto, o caminhão pipa fica até 20 dias sem passar na comunidade do Parque Verde e Mocambinho. Tenho duas caixas para armazenar água, mas elas ficam muito tempo sem água, pois esta água é usada para tomar banho, lavar roupa e fazer comida. É preciso que a prefeitura ou um outro órgão olhe para as nossas dificuldades e possam colocar aqui um posto artesiano.



De acordo com Clemente Soares Moreira, alguns moradores, pela falta da presença mais constante do caminhão pipa utilizam a água da lagoa do Felisberto, que fica localizada em uma propriedade particular e que não é própria para o consumo humano.



ABSURDO



Demonstrando sensibilidade e preocupação com a atual situação na comunidade, os líderes comunitários cobram e esperam da prefeitura a presença mais atuante do caminhão pipa para levar água para as pessoas da comunidade que precisam do liquido precioso.



- Esperamos que a prefeitura atenda as solicitações dessa comunidade, principalmente no que se refere à falta de água, pois é um absurdo que em pleno século 21 ainda existam pessoas que enfrentam dificuldades em tomar e fazer uso do liquido precioso.



LIMPEZA



Além das reclamações concernentes à água, Clemente e João Carneiro solicitam à prefeitura um serviço de limpeza de prevenção a insetos considerados perigosos para as pessoas como, por exemplo, escorpiões. De acordo com eles, uma determinada moradora conseguiu juntar em uma garrafa aproximadamente 30 escorpiões.



Outra preocupação de Clemente Soares Moreira e João Carneiro Filho é com a estrada que dá acesso à comunidade de Pequenos Produtores Rurais e Moradores do Parque Verde e Mocambinho. O que se vê em determinados pontos da estrada são buracos de até 80 cm impedindo a passagem de carro, motos e até de pessoas que moram próximas à mesma.



- Tem um morador que comprou um pedaço de terra e começou a construir e foi obrigado morar em um outro local, e pagando aluguel devido à sua obra estar paralisada pelo fato do caminhão com material de construção não ter tido condições de chegar ao local, devido ao estado em que se encontra a estrada - diz João Carneiro que lembra ainda que com a chegada das chuvas alguns moradores ficam isolados do restante da comunidade.



Ele chama a atenção da administração municipal quanto a uma imediata restauração e conservação de parte da estrada.



– É importante ainda a limpeza desta estrada, alguns moradores do bairro Vila Sion jogam lixo e animais mortos o que acaba gerando problemas para nós moradores e também para o meio ambiente que fica prejudicado.



AÇÕES



Na opinião de Clemente para que a situação de resolva é preciso colocar uma caçamba de lixo nas imediações da estrada para que os moradores do bairro Vila Sion sejam beneficiados e o problema seja resolvido.



Outra reivindicação da comunidade é ter fácil acesso ao transporte coletivo, que poderia ajudar os moradores a fazerem suas compras em Montes Claros sem precisar caminhar mais de 4 km.



- Temos uma escola na comunidade, o prédio está ocioso, está fechado, o que é um absurdo. A nossa vontade é que esse prédio seja passado para a nossa associação. Faríamos bom uso dele como, por exemplo, instalando cursos profissionalizantes. Eu ficava até pouco tempo preocupado com algumas crianças que iam estudar em uma escola no bairro Vila Sion. Elas caminhavam mais de 10 km por dia. Mas depois de uma matéria publicada neste jornal a situação foi resolvida com a vinda do transporte escolar. Tem faltado por parte da prefeitura vontade política em resolver os nossos problemas - reiteram Clemente Soares Moreira e João Carneiro Filho, presidente e vice-presidente da associação.

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