
Montes Claros recebeu, esta semana, o primeiro pedido de identidade social. A cabelereira Letícia Antunes fez o cadastro na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) para obter uma nova carteira de identidade.
O documento ainda não está em mãos. Apesar da alegria da solicitação, ela faz uma ponderação: o nome civil vem antes do social.
“Acho que o primeiro passo foi dado. Lógico que o documento ainda precisa de modificações que nos favoreça ainda mais, pois, acho que o nome de registro, o social deva vir primeiro no documento, e só depois o nome civil. Mas o primeiro passo foi dado e isso é muito importante para todas, nós”, diz, satisfeita, a cabeleireira.
A identidade social é um documento oficial da carteira de identidade com a inclusão do nome social para que pessoas trans e travestis possam utilizar o nome social em documento, não havendo necessidade de apresentação daquele com o nome de registro.
A inclusão do nome social na Carteira de Identidade, começou a ser validado em Montes Claros, desde maio deste ano, em razão disto, e esperando que as/os, interessadas/os, preparassem os documentos necessários para a transição, a Aliança Nacional LGBTI em Montes Claros através de Letícia Imperatriz, Coordenadora Adjunta da Aliança Nacional LGBTI+ em Minas Gerais e do Marcelo Brito, jurista da Aliança e professor Coordenador do Inserto, se reuniram nesta segunda-feira,24, na 11ª Risp com o delegado da Polícia Civil, Jurandir Rodrigues César Filho, para darem inicio a este direito constituído.
“Montes Claros já possui a estrutura e profissionais capacitados para a realização da Identidade Social”, explica Letícia.
A Identidade Social funciona como um documento oficial com foto para pessoas trans e travestis poderem utilizar serviços públicos e privados com o nome social, ao invés do nome antigo. Ele é válido em todo o Brasil e necessário para acessar hospitais, polícias, postos de saúde e outros estabelecimentos sem constrangimento.
A Aliança tem buscado a realização dessa documentação para as/os/es atendidas/os/es do Transi entidade, entretanto, todes pessoas trans e travestis podem realizar a retirada desse documento.
Aos interessados, basta acessar a UAI e agendar um atendimento para tal, ou podem procurar a Aliança para que possamser auxiliados no processo.
Emoção que “não tem preço”
Quem está radiante, é a Ryanna Rocha Castro, que foi até a UAI um dia depois da liberação do documento para fazer o cadastro de Identidade Social.
“Quando eles chamam a pessoa pelo nome civil, que é o nome que somos registradas, é constrangedor. Por isso será muito importante ter esse documento, porque eu mesma não me sinto à vontade com o nome civil”, ressalta. Para Ryanna, a emoção é inexplicável. “Não tem preço”, diz.
Para Letícia Imperatriz, essa vitória da comunidade LGBTI+ vem de encontro a anseios, uma vez que a comunidade ao apresentar este documento, que não é somente uma questão social, mas um documento oficial, que dá legitimidade em qualquer espaço que frequentar.
“Seja em um hospital, em uma balada, em um banheiro público, onde geralmente o nosso público é excluído dos banheiros femininos, seja dos dados da Polícia Militar (PM), para serem defendidos ou caso tenham cometido algum ato infracional eles têm a identidade preservada e respeitada”.
Então, para a coordenadora Adjunta da Aliança Nacional LGBTI+ em Minas Gerais, esse documento vem de encontro a esses anseios, justamente para respaldar a imagem dessas pessoas em quanto seres naquilo que elas pertencem e entendem que elas são. “Seja um homem ou uma mulher”, frisa Letícia.