(foto: Wilson Medeiros)

Iran Ferreira


Repórter


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Um médico urgentemente. Essa é a principal reivindicação dos moradores do bairro Cidade Industrial. Atendendo a um pedido da Associação beneficência comunitária e dos moradores, a reportagem de O Norte esteve novamente na manhã de ontem no bairro. Há cerca de um mês, reportagem mostrou as dificuldades enfrentadas pela comunidade por causa da falta de um profissional da saúde especializado.

De acordo com os moradores, o PSF – Programa saúde da família está sem médico há mais de um mês. Dona Maria Elizabeth fez um abaixo assinado com mais de 300 assinaturas.

- Fui em praticamente todas as casas do bairro para recolher assinaturas para conseguimos o médico - disse dona Maria.

PROMESSAS

Segundo dona Maria Elizabeth, os moradores do bairro Cidade Industrial não querem mais viver de promessas e cobram soluções rápidas da prefeitura.

- Na época da campanha, ele (Athos Avelino, prefeito de Montes Claros) veio aqui e prometeu e prometeu, inclusive melhorar a saúde e a infra-estrutura do bairro. Mas até agora nada foi feito - afirmou Elizabeth.

De acordo com Marisan Gonçalves, no final do ano passado o coordenador dos PSFs de Montes Claros, Leandro Godoy esteve na comunidade e também fez várias promessas.

- Ele disse que a farmácia abriria duas vezes por dia e isso não acontece. Disse que ia ter atendimento odontológico e nada. A situação continua do mesmo jeito e até hoje nada foi resolvido - explica.

ATRASO

De acordo com Gilmá Francisco Oliveira, ele fez um exame de próstata, mas que até hoje não sabe se tem a doença ou não.

- Peguei o exame e levei para a médica. Ainda não recebi o encaminhamento para ir ao urologista até hoje. Posso estar com a doença e não sei - diz Gilmá.

Dona Maria das Dores Gonçalves é deficiente e tem adrose. Ela precisa tomar remédios para diminuir as dores. Segundo ela, o medicamento precisa de receita, mas como não tem médico, muitas vezes ela precisa comprar.

- Eu sinto muitas dores. E elas só diminuem com os remédios. Como não tem médico para dar a receita, eu tenho que comprar sem ter condições - conta dona Maria das Dores.

Ainda segundo ela, a demora na marcação da consulta é outro problema que precisa ser resolvido.

MÃE DESESPERADA

Quem precisa consultar, além de enfrentar a demora, tem que ir para o bairro Eldorado ou Santos Reis. De acordo com Maria Nascimento Guimarães, hipertensa, depois de dias tentando marcar uma consulta, ela conseguiu para a próxima segunda-feira.

- Eu consegui a consulta depois de muito sacrifício. Além disso, preciso de um acompanhamento e só um médico pode fazer isso - disse Guimarães.

Maria Lucia da Silva é mãe de uma criança de apenas um mês de vida. Segundo ela, há alguns dias a criança começou a apresentar bolinhas em todo o corpo, principalmente no rosto.

- Fui ao posto e os agentes me deram um encaminhamento para ir para o hospital. Fui e a médica me passou uma pomada para passar nele. Peguei a pomada no Eldorado, por que aqui não tinha. Agora tem e não posso pegar por que não tenho receita – conta, desesperada.

Maria Lúcia e a sua criança de um mês de vida, doente: desespero e falta de atendimento médico

Ainda segundo ela, os agentes não estão preparados para atender à população.

- Em vez de atender, eles vão é fazer outras coisas como as unhas e jogar conversa fora. Isso é um absurdo.

RESPOSTAS

A secretaria municipal de Saúde informou que a ausência do médico, na equipe do Programa saúde da família do bairro Cidade Industrial só se repete no bairro Vila Anália. Entre as 45 equipes do programa em funcionamento, 35 estão completas isto é, têm médico, enfermeiro, assistente social, agente de saúde, odontólogo e técnicos em enfermagem.

Oito equipes passam por cadastramento dos profissionais como agentes, técnicos de enfermagem e enfermeiros. Atualmente 157.500 pessoas em Montes Claros são beneficiadas pelo programa.

No caso específico do bairro Cidade Industrial, a médica responsável pela equipe deixou o local por se sentir insegura e por se sentir hostilizada pela comunidade. No entanto, as visitas dos agentes e os encaminhamentos continuam sendo realizados sistematicamente, podendo, inclusive, serem comprovados de acordo com a consulta junto aos protocolos de visita. Da mesma forma, as receitas estão sendo aviadas por um médico de outra Unidade de Saúde até que se resolva a contratação do profissional para a equipe do bairro Cidade Industrial. De fato, as receitas não são aviadas cotidianamente, os encaminhamentos têm sido feitos uma vez por mês.

MARCAÇÕES

A secretaria informou ainda que as marcações de consulta, exames e retornos, inclusive para a apresentação de resultados de exames são realizadas respeitando o critério de cotas estabelecido pelo PSF junto às Unidades Básicas de Saúde, sendo assim, os moradores do bairro Cidade Industrial são encaminhados para as Unidades dos bairros Eldorado e Santos Reis.

Posto de saúde sem médico: povo a mercê da indiferença das autoridades

Segundo a secretaria informou, para solucionar definitivamente o problema da falta do médico, de melhorias na infra-estrutura da sede do programa no bairro e com isso a viabilidade da implantação do consultório odontológico, é preciso uma participação efetiva da comunidade, por meio do conselho gestor de saúde.

No próximo dia 19 de junho a prefeitura empossa os médicos aprovados no último concurso público, além disso, o processo de contratação de novos médicos não cessa.