A forte chuva do último domingo (15) voltou a causar alagamentos em bairros de Montes Claros, expondo mais uma vez problemas históricos de infraestrutura. No bairro Panorama, moradores da Rua Santa Luzia recorreram às redes sociais para cobrar soluções da prefeitura. Apesar das diversas reportagens de O NORTE destacando o problema, nenhuma medida foi tomada até agora.
“A omissão do poder público tem causado indignação aos moradores que convivem diariamente com dificuldades de locomoção, riscos de acidentes e impactos diretos na saúde, como o aumento de doenças relacionadas ao acúmulo de água e à poeira”, conforme o grupo de moradores nas redes. A ausência de cuidados estruturais dificulta o tráfego de veículos e pedestres, que ficam isolados no período chuvoso.
No bairro Alto São João, o Corpo de Bombeiros (CB) foi chamado para atuar numa situação de alagamento à rua Neném Souto. Havia um cadeirante na residência e, embora não tenha havido necessidade de resgate, o CB perfurou o muro para que a água acumulada na residência escoasse. Conforme o Corpo de Bombeiros, “tal fenômeno pode acontecer se a casa estiver construída mais baixo que a rua, se não houver válvula que impeça o retorno desse esgoto, ou problema de entupimento na rede de esgoto”.
O CB alerta ainda para outros motivos que podem provocar a situação, como, entupimentos devido ao acúmulo de resíduos de gordura, cabelo e objetos sólidos, que podem obstruir o fluxo de água; tubulações com diâmetro inadequado ou mal instaladas, que favorecem o retorno de água; fossa saturada ou em mau funcionamento; ausência ou falha da válvula de retenção, que pode permitir que a água da rede de esgotos volte pelo ralo; interligações de pluviais na sua rede de esgoto; descarte de lixo na rua, provocando o entupimento de bueiros.
No Bairro Sagrada Família, o CB atendeu a outra ocorrência e afirmou tratar-se de um problema na rede pluvial da localidade que estaria danificada. “Toda chuva forte, o problema volta a acontecer”, informou a corporação.
A moradora J.B., vizinha à região onde ocorreu a situação, reclama que “é frequente a atitude de pessoas jogando lixo na rua. Infelizmente, muitos não pensam nas consequências e acabam afetando também os que cuidam. O poder público também tem sua parcela de responsabilidade porque não limpa os canais. Aqui a gente não pode nem comemorar a chegada da chuva porque sabemos que vai ter problema”, lamentou.
Na Avenida Coronel Prates, uma árvore de aproximadamente quatro metros de altura, localizada no canteiro central da Avenida, caiu e obstruiu uma parte da pista. Os bombeiros foram chamados e, com uso de motosserra, fizeram o corte do que sobrou da árvore, para, em seguida, liberar a pista. Não houve danos.
Procurada, a Copasa informou que atuou na ocorrência do bairro Alto São João. No local, houve o extravasamento da rede coletora de esgoto. “A Companhia esclarece que a manutenção no local foi concluída na manhã desta segunda-feira. E ressalta que as ocorrências de obstrução da rede coletora e de extravasamento do esgoto nas vias públicas são causadas pelo lançamento indevido de água pluvial e de resíduos no sistema de esgotamento sanitário, projetado pela Companhia para receber o esgoto doméstico, constituído pelos resíduos provenientes do chuveiro, vaso sanitário, lavagem de roupas e utensílios de cozinha”.
Ainda conforme a Copasa, o lançamento de objetos como absorventes, bitucas de cigarro, fio dental, fios de cabelo, fraldas, papel higiênico, preservativos, restos de comida, produtos químicos, entre outros resíduos, podem causar danos ao sistema e transtornos para a população. “Além dos rompimentos das tubulações que acabam por deixar o esgoto a céu aberto, também pode provocar refluxo do esgoto para dentro dos imóveis, propiciando a propagação de doenças e o aparecimento de insetos indesejáveis”, explicou a assessoria da concessionária. Quanto ao problema na rede pluvial no Sagrada Família, a Copasa informou que a atribuição é do município.
A Prefeitura de Montes Claros não se manifestou sobre os reparos na rede ou as medidas que serão adotadas para minimizar os danos durante o período chuvoso.