Chuvas e asfalto ruim deixam MOC esburacada

Ruas de Montes Claros são castigadas pelas chuvas constantes, mas forma de aplicação do asfalto também é causa dos desgastes

Larissa Durães
O NORTE
11/01/2022 às 00:56.
Atualizado em 18/01/2022 às 00:52
 (fotos leo queiroz e larissa durães)

(fotos leo queiroz e larissa durães)

A pé, de bicicleta, moto ou carro. Não importa a forma de locomoção, por onde os moradores de Montes Claros passam há um rastro de buracos nas ruas provocados pelas fortes e constantes chuvas das últimas semanas. 

A situação não é considerada novidade pela população. O cenário é comum sempre que o período chuvoso é mais intenso. “Todo ano é a mesma coisa”, reclama o comerciante Alberto Roca, nada satisfeito com a situação das ruas.

Segundo ele, dirigir por Montes Claros tem sido muito arriscado. “Além dos buracos, que se estiver chovendo a gente não vê, tem o problema daqueles que a gente vê e tenta evitá-los, podendo pegar um motoqueiro na direita”, explica.

O comerciante destaca ainda o problema da iluminação pública insuficiente, que prejudica a visão. “Com a baixa iluminação que a cidade tem, a gente não vê os buracos à noite e a chance de cair dentro de um é ainda maior”.

A abertura de buracos no asfalto sempre acontece no período chuvoso. É um problema presente em praticamente todas as cidades. No entanto, isso poderia ser evitado ou amenizado se a cobertura asfáltica fosse feita da maneira correta.

De acordo com o engenheiro de infraestrutura e professor das Faculdades Integradas do Norte de Minas (Funorte) Aristóteles Ramon, é muito complicada a questão dos asfaltos na cidade, porque eles são de 3 cm, no máximo 4 cm, prejudicando a eficiência e durabilidade. “Quando a gente anda pela cidade e tem um buraco, é visível o quanto o asfalto é fino, por isso, não aguenta caminhão, ônibus nem o grande tráfego de carros”, explica.

Para ele, o ideal seria que a cobertura fosse de 10 cm para evitar buracos, desgastes e gastos futuros. “Um asfalto de maior espessura é indicado para evitar essas fraturas em momentos tão adversos”, aponta o engenheiro.

Aristóteles diz que a chuva, aliada ao fluxo intenso de veículos, deixa o asfalto mais frágil. “Isso faz com que a cidade fique com essa ‘buraqueira’ toda”. 
 
MAIS CLIENTES
O que é problema para uns, acaba sendo a festa para outros. O borracheiro Delclides Nunes Peixoto só tem a comemorar: com a quantidade de buracos pelas ruas da cidade, o número de clientes com pneus furados tem aumentado.

“Com a chuva, o serviço dobra, porque a cidade enche de buracos, que cortam muitos pneus”, afirma. Ele diz que é bom também para o pessoal das oficinas. “Além dos pneus cortados, muitos carros quebram”. Somente em um dia da semana passada, Delclides teve que consertar cerca de 30 pneus cortados. “Está sendo uma semana boa”, diz, satisfeito.

A reportagem de O NORTE enviou vários questionamentos para a Prefeitura de Montes Claros, que não respondeu a nenhum deles até o fechamento desta edição.

Opção pelo barato, mas sem qualidade
O engenheiro de infraestrutura e professor da Funorte Aristóteles Ramon explica, de forma técnica, como deveria ser feito o asfalto para uma cidade como Montes Claros – quente e com grande volume de tráfego.

“Teria que ter uma melhor compactação do solo, melhor infraestrutura para receber o asfalto. Deveriam fazer drenagem para evitar poças de águas que, com certeza, acabam infiltrando e causando estas crateras”.

Além disso, a qualidade do asfalto é essencial. “Tem que colocar um asfalto de qualidade, compactado com maior resistência para o alto fluxo de carros. Isso ajuda a evitar recapeamentos das ruas, porque esse processo gera desnível e cria lombadas, prejudicando a qualidade da pista”, explica.

Esses pontos, segundo ele, não foram cumpridos em Montes Claros. “O que se vê pela cidade é o aumento do nível do asfalto sem nenhuma drenagem de água”. Para Aristóteles, foi feito o recapeamento sem pensar nas consequências.

TAPA-BURACOS
E isso normalmente é feito em vários municípios, visando somente a redução do custo. “Um asfalto de 3cm custa menos que um de 10cm”. E, normalmente, os gestores vão depois catando os buracos e tapando.

“Tudo pra reduzir custos, porque se você só joga uma brita e os funcionários ficam batendo com a pá, esperando que os carros passem por cima, é algo mais rápido, simples e barato”, afirma.

A melhor solução para o Centro da cidade, de acordo com o engenheiro, seria ter mantido os paralelepípedos. “Foi uma grande perda, porque eram bastante funcionais. Tecnicamente eles ajudam a infiltrar e escoar a água da chuva. Deveriam ter conservado e feito asfalto nas periferias, onde não tem. No Centro, bastava manutenção, o problema já estava resolvido, não tinha água parada nas ruas como tem hoje”, pontua.

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