Católico lança campanha de fraternidade

Jornal O Norte
Publicado em 25/02/2009 às 15:01.Atualizado em 15/11/2021 às 06:51.

Valéria Borborema


Colaboração para O NORTE



Arcebispo Dom José Alberto Moura, no próximo dia 25, quarta-feira de cinzas a campanha da fraternidade 2009, com o eixo Segurança Pública e o tema A paz é fruto da justiça, na catedral No Senhora Aparecida, às 7h. Durante a celebração haverá o tradicional rito das cinzas.



As 18h30 o padre Dorival também celebrará a quarta-feira de cinzas na própria catedral.



SEGURANÇA PÚBLICA



Promovida anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Campanha da Fraternidade começou em 1964, com temas alusivos apenas à Igreja. Mas, a partir de 1973, a CF demonstra maior preocupação ante a realidade social do povo brasileiro e os assuntos passam, então, a enfatizar a justiça e situações que influenciam diretamente a vida dos brasileiros, como a realidade econômica e política, não raro marcada pela injustiça, exclusão e por altos índices de miséria.



Um dos motivos que levaram a CNBB a escolher Segurança Pública como eixo norteador da CF de 2009 – que traz o tema Fraternidade e Segurança Pública e o lema A paz é fruto da justiça – foram os constantes apelos das (arqui)dioceses, regionais da CNBB e Pastoral Carcerária, organismo eclesial que cuida da evangelização em unidades prisionais do país. Consta no texto-base que tal empenho deve-se sobretudo ao fato de a CF ser especialmente manifestada na evangelização libertadora que, a seu lado, deseja renovar a vida da Igreja e, ao mesmo tempo, transformar a sociedade, a partir de abordagens específicas, tratadas à luz do projeto de Deus.



Assim, a Igreja Católica convida os fiéis a viverem os três elementos fundamentais da espiritualidade quaresmal – oração, jejum e esmola –, para que seja alcançado o objetivo geral da Campanha da Fraternidade 2009, que é “suscitar o debate sobre a segurança pública e contribuir para a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade, a fim de que todos se empenhem efetivamente na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos”.



OBJETIVOS



Figuram no rol das metas específicas da CF deste ano: “desenvolver nas pessoas a capacidade de reconhecer a violência na sua realidade pessoal e social, a fim de que possam se sensibilizar e se mobilizar, assumindo sua responsabilidade pessoal no que diz respeito ao problema da violência e à promoção da cultura da paz; denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas, assim como a injustiça presente nos institutos da prisão especial, do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para crimes comuns; fortalecer a ação educativa e evangelizadora para a construção da cultura da paz, a conscientização sobre a negação de direitos como causa da violência e o rompimento com as visões de guerra, as quais erigem a violência como solução para a violência; denunciar a predominância do modelo punitivo presente no sistema penal brasileiro, expressão de mera vingança, a fim de incorporar ações educativas, penas alternativas e fóruns de mediação de conflitos que visem à superação dos problemas e à aplicação da justiça restaurativa; favorecer a criação e a articulação de redes sociais populares e de políticas públicas com vistas à superação da violência e de suas causas e à difusão da cultura da paz; desenvolver ações que visem à superação das causas e dos fatores da insegurança; despertar o agir solidário para com as vítimas da violência e apoiar as políticas governamentais valorizadoras dos direitos humanos.



QUARTA-FEIRA DE CINZAS



A Igreja esclarece que, com a imposição das cinzas, “inicia-se estação espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer se preparar dignamente para viver o Mistério Pascal, ou seja, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus”. Esse período do Ano Litúrgico caracteriza-se pela mensagem bíblica que pode ser resumida na palavra conversão, “imperativo proposto à mente dos fiéis mediante o austero rito da imposição das cinzas, que, com as palavras “Convertei-vos e crede no Evangelho” e com a expressão “Lembra-te de que és pó e para o pó voltarás”, convida à reflexão sobre o dever da conversão, sob amparo da “inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte”.



Na Igreja primitiva, a duração da Quaresma variava. Eventualmente começava seis semanas (42 dias) antes da Páscoa, que resultava em 36 dias de jejum (já que se excluíam os domingos). No século VII, foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma, totalizando os 40 dias, para imitar o jejum de Cristo no deserto. Era prática comum em Roma que os cristãos iniciassem sua penitência pública no 1º dia de Quaresma. Eles eram salpicados de cinzas, vestidos com saial e obrigados a manter-se longe até que se reconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa, três dias antes da Páscoa. Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X), o início da temporada penitencial da Quaresma foi simbolizada pelas cinzas nas cabeças.



Atualmente, na Quarta-feira de Cinzas o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. A tradição da Igreja ficou como um simples serviço em algumas igrejas protestantes, a exemplo da anglicana e da luterana. A Igreja Ortodoxa começa a Quaresma a partir da segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.



QUARESMA



A Campanha da Fraternidade ocorre durante a Quaresma, que a Igreja adjetiva de tempo forte de oração, jejum e atenção aos necessitados. Período que oferece ao cristão a possibilidade de se preparar para a Páscoa, a partir de sério discernimento da própria vida, colocada diante da Palavra de Deus, que ilumina o itinerário cotidiano dos fiéis. A Quaresma dura 40 dias. Inicia na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. Ao longo desse tempo, principalmente na liturgia do domingo, a Igreja enfatiza a urgência da conversão, a fim de que a pessoa encontre-se consigo mesma e com os irmãos, tal qual Cristo ensina nos textos sagrados. A cor litúrgica é o roxo, que significa luto e penitência.



A duração da Quaresma está baseada em trechos bíblicos, que narram os 40 dias do dilúvio, 40 anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, 40 dias de Moisés e de Elias na montanha, 40 dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública e 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito. Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo da vida na terra, seguido de provações e dificuldades.



A prática da Quaresma data do século IV, quando cria raízes a tendência de constituí-la em tempo de penitência e de renovação para a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência.

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