
A Câmara da Mulher Empreendedora de Montes Claros promove amanhã à noite uma roda de conversa – inscrição gratuita – e espaço para troca de ideias, entrosamento e fortalecimento de mulheres empreendedoras com temas em homenagem ao mês de luta pelos direitos femininos.
Uma das convidadas é a advogada Letícia Novato, de 40 anos, natural de Caetité, na Bahia. Residente em Montes Claros há 20 anos, é também fundadora dos projetos Real Woman (@realwomanbr) e Mães Unidas (@maesunidasdemoc). O trabalho dela é sobre o desenvolvimento de ações que empoderem as mulheres nos níveis pessoal e profissional.
Muito se fala, hoje em dia, que a mulher precisa se empoderar. Explique o que é afinal empoderamento financeiro feminino?
Nada é do que a capacidade que a mulher tem de ganhar e gerenciar seu próprio dinheiro para viver tranquilamente. Durante séculos, vivíamos com um único papel social de dona de casa e mãe. Há algumas décadas, a mulher se lançou no mercado de trabalho. Contudo, alguns estigmas ainda permeiam a capacidade feminina de ser independente e autônoma. É preciso debater isso para conquistarmos a equidade de gênero.
De que maneira essa falta de empoderamento financeiro se reflete na vida das mulheres?
Se manifesta na sociedade tanto quanto na vida particular de cada uma. Em nível social, o mercado financeiro perde muito com isso, pois cada mulher independente financeiramente é uma consumidora de produtos e serviços, isso sem falar das grandes inovações que a mente feminina traz para dentro das empresas. Na vida particular, um ponto altamente perturbador é a questão da violência doméstica, já que mulheres sem renda própria estão muito mais vulneráveis a permanecer no ciclo da violência do que aquelas que são independentes economicamente dos seus agressores.
Quais os desafios enfrentados nesse processo de empoderamento financeiro frente a uma sociedade ainda conservadora e machista?
A misoginia faz que a sociedade duvide da capacidade feminina para empreender, gerenciar e ter sucesso no mercado de trabalho. Mas uma simples pesquisa traz conhecimentos que abalam os alicerces patriarcais. Um ótimo exemplo disso foi a administração de alguns países frente à pandemia da covid-19. Países liderados por mulheres foram os que mais tiveram sucesso no combate ao vírus. Dados do mercado provam cabalmente que mulheres são cruciais no desenvolvimento e evolução dos negócios. Para isso, basta que nos deixem trabalhar.
Quais as principais queixas que chegam até você?
A sobrecarga feminina. Mulheres que não têm tempo para si e para se desenvolver com plenitude em suas carreiras. Os homens devem se conscientizar de que o serviço doméstico, administração do lar e a educação dos filhos é um serviço do casal e não só da mulher.
Ser financeiramente empoderada ajuda a mulher em suas conquistas?
Claro! A mulher independente toma as decisões sobre sua própria vida enquanto mulher, além de dividir igualmente a responsabilidade de casa e dos filhos com seu parceiro ou parceira. Não é o homem quem manda, construímos a nossa vida juntos. Afinal, somos parceiros.
O que mudou desde que mais mulheres conquistaram esse empoderamento?
Há muito o que se fazer ainda para que as mulheres consigam o empoderamento financeiro de forma plena. Audre Lorde diz assim: “Eu não sou livre enquanto alguma mulher não o for, mesmo quando as correntes dela forem muito diferentes das minhas”. O empoderamento feminino é uma construção coletiva. Mas, estamos no caminho e evoluindo a cada geração. Se você for mulher, basta se juntar a outra!
SERVIÇO
PALESTRA
Dia: 16/03 19h
Auditório ACI
Rua Carlos Gomes, 110 centro
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