A Associação de Bares, Restaurantes e Similares de Minas Gerais (Abrasel - MG) aponta, por meio de pesquisa, que o ano de 2023 não tem sido dos melhores para o setor. De acordo com o estudo, no mês de fevereiro, grande parte dos estabelecimentos fechou “no vermelho”. Os dados da pesquisa refletem a realidade através de uma amostra, que também inclui respostas de empresários de Montes Claros, Norte de Minas. 

“Mesmo com o fim da pandemia, empreendimentos fecharam as portas por dificuldade de caixa. Outros, que reformularam os negócios, fizeram empréstimos e esse endividamento não é de curto prazo. Diante da pesquisa, é evidente a necessidade de um trabalho de suporte junto aos empresários do setor para facilitar a busca por ajuda”, sugere Diego de Macedo, empresário do ramo e presidente da Abrasel Norte. 

Com a experiência de quem teve que fazer várias adaptações no próprio negócio para se manter em atividade, ele explica que cada empreendimento tem uma realidade específica, daí a necessidade de um diagnóstico assistido por profissionais, para ensaiar um plano de recuperação. 

“Utilizando uma analogia, podemos dizer que estamos diante de um problema de ‘saúde pública’ de empresas. Da mesma forma que ocorre em atendimento de saúde, inicialmente é necessário que os empresários procurem um consultor especialista de confiança para um ‘check-up’ de sua empresa, e assim definir o melhor plano para o ‘tratamento’. Caso o empresário não conheça um profissional, a Abrasel pode ajudá-lo neste sentido”, indica Diego, que estima um número superior a quatro mil, os estabelecimentos do ramo, incluindo os informais. 
 
UNIÃO E CRIATIVIDADE
Ainda conforme Macedo, a mudança nos indicadores depende de soluções que passam especialmente pelos governos. Embora tenha sido criado o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), ele impõe restrições que deixa de lado a maioria dos estabelecimentos, pela configuração tributária.

“O plano atendeu somente o setor hoteleiro e promoção de eventos. A questão está judicializada. Há uma tentativa de incluir bares e restaurantes, porém, a maioria dos empresários especialmente da cidade, são optantes pelo ‘simples’ e continuariam excluídos. É uma dificuldade. A situação é mesmo de reabilitação”, afirma Diego que sugere ainda uma ação conjunta de todos os profissionais de consultoria, via secretaria de Desenvolvimento Econômico ou via sistema S.

“A solução é pensar algo que a gente possa construir para evitar falência de negócios. E o primeiro passo é o empresário buscar ajuda, que as vezes ainda é um tabu. Com uma boa orientação ele pode atingir uma situação segura com planejamento. A maioria dos negócios é viável e tem possibilidade de recuperação”, pontua. 

Para Guilherme Jansen, proprietário de um dos restaurantes mais estrelados de MOC, durante a pandemia, e após o período crítico, houve uma mudança no comportamento das pessoas, que criaram o hábito de fazer comida em casa. “Além disso, tem a questão da economia. O padrão de vida da maioria baixou um pouco e na hora de cortar gastos, um dos primeiros é a alimentação fora de casa. Com isso, as vendas diminuíram, mas os custos de produção aumentaram e não conseguimos repassar isso aos nossos clientes, o que faz com que terminemos o mês em prejuízo “, avalia o empresário que cria alternativas para driblar a crise.

“Aproveitei este momento que o nome do restaurante está em alta, consolidado, para abrir um outro restaurante em outro lugar, buscando também um público de estrada, pois estou na entrada da cidade. Trago novidades como fogo de chão, que é um porco assado inteiro, costelas inteiras, carneiro, ou seja, um cardápio inovador com a expectativa de driblar a queda na economia. Foi um estalo que tive para arcar com os custos mensais e fixos que a gente tem”, disse o empresário que conquistou uma clientela cativa com as vitórias no concurso “Comida di Buteco”, nas edições local e estadual.