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Sexta-Feira,15 de Novembro
Agosto Lilás

Aumenta o número de casos de violência contra a mulher em Montes Claros

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 08/08/2024 às 19:00.

Karine Maia, delegada da Delegacia de Mulheres de MOC, considera campanhas como “Agosto Lilás” e “Maria da Penha” eficazes, com impacto em vítimas e agressores (LARISSA DURÃES)

O “Agosto Lilás” é dedicado à conscientização e prevenção da violência contra a mulher no Brasil, com foco em educar sobre direitos e combate à violência doméstica. Em Montes Claros, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) reportou seis casos de feminicídios em 2023, incluindo tentativas e casos consumados. Ainda em 2023, foram registrados 155.511 casos de violência doméstica, e de janeiro a junho de 2024, os casos denunciados foram 75.511.

Tatiane Ferreira Leite, coordenadora do Centro de Referência e Atendimento às Mulheres em Situação de Violência de Montes Claros (CRAM), explica que a campanha “Agosto Lilás”, realizada desde 2006, visa conscientizar sobre o combate à violência contra as mulheres. “Ela reforça a mensagem e engaja a população nesse combate. E contribuímos o ano todo com ações como palestras em escolas, empresas e espaços públicos, intensificando os esforços em agosto para aumentar a conscientização”, comenta a coordenadora. 

Ela observa um aumento na procura pelos serviços do CRAM após as campanhas, “o que demonstra a eficácia da iniciativa”, diz. Em Montes Claros, os casos de violência contra a mulher têm aumentado, segundo Leite, “e os dados do CRAM mostram isso”, afirma.

Durante o período de agosto a dezembro de 2021, 102 mulheres foram atendidas. No ano seguinte, de agosto a dezembro de 2022, o número de atendimentos subiu para 136 mulheres. Em 2023, entre agosto e dezembro, o projeto registrou um total de 154 mulheres atendidas, indicando um aumento contínuo no número de beneficiárias a cada ano.

A campanha “Agosto Lilás” tem como foco abordar todos os tipos de violência definidos pela Lei Maria da Penha, enfatizando a importância de uma rede de proteção robusta. Essa rede, chamada Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres (Revicom), é composta por diversas instituições que desempenham papéis essenciais na proteção das mulheres. Entre elas estão a Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres (DEAM), a Casa de Acolhimento Casa Esperança, a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), o Hospital Universitário Clemente de Faria (HU), a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), e a Vara da Violência Doméstica contra a Mulher e Tribunal do Júri.

Tatiane acredita que a educação e reeducação de homens e a conscientização de jovens são fundamentais para combater o machismo enraizado na sociedade. “Por isso, realizamos palestras para homens e empresas, mostrando que a luta não é contra os homens, mas por uma parceria igualitária, onde as mulheres tenham os mesmos direitos e respeito. É essencial criar uma cultura de respeito e igualdade desde a infância, para que possamos ter um futuro livre de violência contra as mulheres”, ressalta. 

Para Karine Maia, delegada titular da Delegacia de Mulheres de Montes Claros, essas campanhas, como “Agosto Lilás” e “Maria da Penha” são realmente eficazes, impactando tanto as vítimas quanto os agressores. “Através dessas campanhas, hoje, temos uma estrutura muito maior de defesa da mulher, não só na repressão aos crimes, mas também na emancipação psicológica e financeira, além de ações preventivas”, destacou. 

LENTIDÃO
Segundo uma pesquisa mencionada pela delegada, o Relatório do Fórum Econômico Mundial, ainda levaríamos 134 anos para alcançar a igualdade de gênero no Brasil. “O progresso é lento, mas ouve avanços desde 2006, com leis e campanhas como o Agosto Lilás, além do aumento no número de delegacias de mulheres e movimentos pressionando por juizados de violência doméstica em todas as cidades”, disse.

Maia destaca que muitas delegacias enfrentam problemas de infraestrutura e que, embora as leis sejam criadas rapidamente, sua implementação ocorre lentamente. “Com quase 22 anos de experiência, observo que, apesar do aumento nas denúncias de violência, muitas mulheres voltam aos agressores ou se envolvem com outros violentos por falta de apoio integral e empoderamento”. Por isso, ela defende um foco maior no suporte psicológico, oportunidades de emprego e capacitação, e destaca a necessidade de apoio governamental para garantir a emancipação dessas mulheres. “Precisamos cuidar das mulheres, capacitá-las e fortalecê-las. O que faremos para que essas mulheres consigam a emancipação? Isso está nas mãos das mulheres, mas também é crucial o apoio do Estado. O governo precisa estar presente, oferecendo suporte e oportunidades”, concluiu.

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