Anny Muriel
Repórter
Em Montes Claros, os anestesistas estão em greve há quatro meses, por causa das péssimas condições de trabalho a que a classe está submetida e dos baixos salários. Segundo o médico e coordenador dos anestesistas Ronaldo Soares Júnior, com a defasagem de valores tornou-se impossível a prestação dos serviços públicos, realizados conforme os valores mínimos da tabela de referência do Sus - Sistema único de saúde.
- A tabela do Sus está com valores defasados. Para uma curetagem uterina, o Sus paga R$ 20,12; para uma cesariana, R$ 45,00; para uma cirurgia de garganta, R$ 31,53; para uma fratura de braço, R$ 28,80. Ou seja, com essa acentuada defasagem de valores, fica complicado trabalhar, haja vista que nossa única fonte de renda é a prestação de serviços em bloco cirúrgico – afirma o médico Ronaldo Soares.
Diante disto, os médicos afirmam que, para obter remuneração próxima da digna, têm exercido uma carga horária inimaginável, o que impede, inclusive, que possam se atualizar periodicamente.
Os anestesistas reivindicam um contrato de prestação de serviços transparente e pontual, em que os valores sejam adequados à magnitude do serviço que prestam.
O coordenador dos anestesistas diz ainda que o trabalho é pouco reconhecido pelo usuário do sistema público.
- Temos o apoio de todas as entidades de classe nesse pleito, que se manifestaram por escrito. Contudo, não há disposição do poder executivo em iniciar negociação. Temos assegurado o atendimento aos usuários nos casos em que eticamente, judicialmente e moralmente somos obrigados, como cirurgias de emergência, que são aquelas em que se não houver intervenção ao paciente há riscos de morte ou sequelas, e as de urgência, situação em que se não houver intervenção pode se tornar de emergência. Quanto aos demais casos, o poder executivo é que tem obrigação de resolver, mandando, por exemplo, para outra cidade - afirma.
Segundo Ronaldo Soares, a greve é um direito constitucional assegurado a todos os trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho e não resta à categoria outra alternativa que não a paralisação, a fim de que as autoridades municipais, estaduais e federais sejam sensibilizadas e encontrem uma solução que atenda às partes.
- Os médicos esperam contar com a compreensão e o apoio fundamental de toda a população e informam que o CRM - Conselho regional de medicina apoia o movimento - concluiu.