Os esforços para diminuir os riscos decorrentes de uma trinca no quarto andar do Edifício Roma, localizado no bairro Cândida Câmara, em Montes Claros, continuaram na última terça-feira (9). O Corpo de Bombeiros relatou que os residentes do prédio e das redondezas receberam autorização sob supervisão militar para entrar e recuperar documentos, medicamentos, pertences e animais de estimação.
Segundo o capitão Souza, do 7º Batalhão de Bombeiros Militar de Montes Claros, foram utilizadas mais de 600 escoras no imóvel para prevenir possíveis riscos e facilitar outras medidas de segurança. “Hoje, eles retomaram os trabalhos, porque segundo eles não estavam com as escoras aqui na cidade. Não temos a informação do porquê tantas escoras, mas, sim, com certeza pela segurança. Seria interessante salvar o prédio para todos, para evitar desconforto” relatou. 
 
VIZINHOS
Cristóvão Melo Franco, funcionário aposentado do Estado, reside há 47 anos na mesma casa, ao lado do prédio que foi erguido há cerca de dois anos no bairro. No momento do incidente, ele estava em consulta em um hospital da cidade, e sua esposa ligou para comunicar o ocorrido. Ao chegar à região, já estava totalmente interditada.

“É uma situação desagradável para qualquer ser humano. Estamos sujeitos a muitos imprevistos nessa vida e um deles aconteceu aqui, conosco. Deixamos o imóvel sem pegar roupas, sem remédios, é uma situação constrangedora e esperamos que as coisas voltem a normalidade “, disse. Na tarde de terça-feira, acompanhado do filho e de um bombeiro, recebeu autorização para entrar em casa e pegar alguns pertences. Questionado sobre um retorno definitivo à moradia, Cristóvão afirma que aguarda a autorização dos avaliadores e vai voltar a casa onde escolheu viver. “Deus é muito grande. Vamos pedir a Deus para consertar tudo, deixar tudo em paz para a gente levar uma vida em paz e com segurança”.

Bárbara Reis, proprietária de uma cervejaria no local, relata que segunda-feira (8) era um dia em que o bar estaria naturalmente fechado. Porém, a partir desta terça-feira, a interdição está causando prejuízos financeiros, uma vez que o movimento durante toda a semana é intenso e é do bar que ela tira o seu sustento. “Cada dia fechado é um problema que vai aparecer. Amanhã é dia de aluguel, a gente precisa do dinheiro circulando diariamente para pagar os produtos, os funcionários. Um único dia fechado já traz muito prejuízo”, explica. Até agora, ela destaca que os comerciantes ainda não receberam informações e não houve nenhuma reunião com os comerciantes afetados. “Tive que perguntar alguma coisa aos bombeiros. Não houve informação da construtora nesse sentido”, declarou pedindo que haja uma reunião com os envolvidos.
 
ESCLARECIMENTOS
Em comunicado, a Construtora Turano, responsável pelo empreendimento, afirmou que a evacuação dos moradores foi uma medida essencial como primeiro procedimento de segurança. Para garantir a integridade da estrutura, está sendo realizada uma inspeção do prédio, com a presença de técnicos e calculistas para quaisquer procedimentos necessários. 

O engenheiro Cleber Veloso Moreira, presidente da Associação Regional dos Engenheiros e Arquitetos do Norte de Minas (AREA), foi convocado pelos moradores e pela construtora para auxiliar em uma avaliação. Embora considere cedo para emitir uma opinião definitiva, pois ainda não inspecionou o interior do edifício, Cleber destaca a importância do trabalho de escoramento realizado pela construtora, sugerindo que a demolição do prédio não seja necessária.

Ao final do dia, foi observada uma movimentação para retirada de veículos da garagem do prédio. Até o momento do fechamento desta edição, não houve retorno por parte do advogado da construtora para fornecer esclarecimentos adicionais.

*Com colaboração de Alexandre Fonseca

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