Passados 93 anos do episódio que deu origem a revolução de 1930 e levou Getúlio Vargas ao poder, a praça Dr. João Alves (praça do Automóvel Clube ) volta ao centro das atenções. Cravada no centro de Montes Claros, o local entrou para a história naquele ano quando foi palco de tiroteio entre alianças políticas opostas. O então vice-presidente Fernando Melo Viana em visita a cidade com sua comitiva, foi um dos feridos no episódio e outras cinco pessoas morreram. 

A situação de depredação e abandono da região foi tema de audiência pública na Câmara Municipal, proposta pela vereadora Julinha da Pastoral, que destacou a necessidade urgente de revitalização do local. 

“A Praça Dr. João Alves não suporta mais o abandono. É necessário uma ação urgente do poder público. É um local de grande fluxo e não conta sequer com a assistência de câmeras do Olho Vivo”, disse a vereadora.

A provocação para o debate na Câmara surgiu a partir de um pedido do Diretor da Escola Estadual Gonçalves Chaves, Frederico Mota, que relata vários problemas presenciados diariamente pelos alunos. De acordo com o diretor, moradores em situação de rua estariam utilizando o espaço para fazer as necessidades fisiológicas, tomar banho e fazer uso de drogas. A situação provoca insegurança na comunidade escolar e vai além das constantes ameaças que os educandários tem sofrido nos últimos meses. 

Por ser um prédio tombado pelo patrimônio histórico, a direção da escola tem limitações e não pode descaracterizar o espaço.

“Temos tentado fazer o possível para manter a segurança do espaço, levando em consideração as particularidades da situação. Reforçamos portas, colocamos câmeras, no entanto, não podemos trocar um portão ou uma janela. Isso nos coloca em uma situação de vulnerabilidade muito maior do que outras escolas que podem por exemplo, subir um muro. O recurso que recebemos do Estado é exatamente o mesmo e não temos nenhum centavo a mais para fazer qualquer melhoria relativa a segurança”, explica o diretor. Ele pede que o poder público promova, além da revitalização, atividades culturais que levem público ao local. “A sociedade tem que ocupar aquele espaço e voltar a frequentar. A praça é de todos”. 

Em relação ao abrigo informal que se formou nas imediações da praça, ele pondera que, “as pessoas em situação de rua precisam estar em qualquer lugar, mas elas não podem tirar o direito de outras pessoas”.
 
AUTOMÓVEL CLUBE
A casa do médico Dr. João Alves, que batiza a Praça, deu lugar ao Automóvel Clube, hoje desativado e também ocupado por moradores em situação de rua, é outro ponto de preocupação de quem frequenta o entorno

O presidente do Automóvel Clube, Paulo César Santos, disse que a desativa-ção do Clube foi provocada a partir de várias pequenas situações, como intervenção do Corpo de Bombeiros e depois a pandemia. Com a desistência de alguns sócios, a receita ficou comprometida. César desmentiu boatos de que os sócios remanescentes estariam de olho na especulação imobiliária.

“Quero enaltecer os 75 sócios que fazem de tudo para que o clube permaneça, apesar da nossa dificuldade em reabri-lo. Se fosse para fazermos incorporação, já teríamos feito, tivemos algumas propostas. Mas a gente não quer jogar aquele clube no chão “, disse. 
 
SOLUÇÃO
Ofício pedindo providências imediatas foi encaminhado pela vereadora Julinha, que além disso, durante a audiência pediu a união para que solução efetiva “não será uma obra barata e, para tanto, é necessário o envolvimento de parceiros , especialmente de parlamentares que representem a região, com destinação de emendas”, frisou a parlamentar.

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