Situação caótica em hospitais de MOC

Acidentes nas estradas da região escancaram falhas na saúde pública da cidade; atendimento básico demora horas

Carlos Castro Jr. / Leo Queiroz
29/12/2018 às 06:43.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:47
 (LEO QUEIROZ)

(LEO QUEIROZ)

Os acidentes nas estradas da região nos últimos dias, mais a demanda rotineira por atendimento, deixaram os hospitais de Montes Claros superlotados. A preocupação dos gestores das unidades de saúde é grande, pois o fluxo de veículos é intenso nas rodovias em função das viagens de fim de ano e férias e com previsão de fortes chuvas até domingo, que podem contribuir com a ocorrência de acidentes.

Somente na quinta e sexta-feiras, em três batidas, foram 28 vítimas encaminhadas à Santa Casa e ao Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF). Este último acionou, desde a manhã de quinta-feira, o Código Vermelho, atendendo obrigatoriamente somente pacientes muito graves e casos de extrema urgência. Situação que se estendeu durante o dia de ontem.

O Pronto-Socorro do Hospital Universitário tem capacidade para 20 pacientes. Na quinta-feira abrigava 65, sendo 50 internados, dez oriundos de três acidentes e outros cinco (casos de referência) à espera de atendimento.

O quadro não é diferente na Santa Casa. O hospital vem sofrendo com superlotação há pelo menos um ano e segue, desde então, com o Plano de Contingência em ação, priorizando os atendimentos urgentes. O pronto-socorro da Santa Casa, que tem capacidade para 20 leitos, seguia ontem com 70 internados.
 
LONGA ESPERA
Com o HU e a Santa Casa de portas fechadas para atendimentos de baixa e média complexidade, a população montes-clarense tem que recorrer ao Hospital Municipal Alpheu de Quadros, que hoje atua apenas como pronto-atendimento. Na tarde de ontem, dezenas de pessoas aguardavam na porta para serem atendidas. Algumas relataram esperar por mais de seis horas.

O autônomo José Borges, de 51 anos, havia chegado à unidade de saúde às 10h. Às 15h ainda não havia sido atendido. Ele se queixava de dores nas costelas. “Não gosto de procurar atendimento por isso (demora). Acabo tomando medicamento por conta própria. A gente vem mesmo só no último caso”, disse.

Outra unidade do município, o Hospital Aroldo Tourinho segue atendendo apenas as especialidades cardiologia e clínica médica. O hospital informou que, em último caso, pode dar suporte aos demais.

Em nota, o Hospital Universitário informou que o Código Vermelho está mantido até segunda ordem, e que possui pacientes em macas improvisadas em corredores e à espera de atendimento. Afirmou ainda que alertou todos os órgãos competentes sobre a situação de restrição no atendimento.

A Santa Casa de Montes Claros informou, também por nota, que está em Plano de Contingência e “segue atendendo somente os casos de urgência/emergência, com iminente risco de morte, que chegarem inadvertidamente ao pronto-socorro e casos agudos de referência exclusiva ou conduzidos via regulação de leitos”.

Direcionamento a outras unidades
A Prefeitura de Montes Claros informou, em nota, que a Secretaria Municipal de Saúde recebeu alerta dos hospitais sobre a situação e que orientou as instituições para encaminhamento de pacientes de menor urgência e baixa complexidade para o pronto-atendimento Alpheu de Quadros, além das unidades básicas de saúde dos bairros Santos Reis, Maracanã e Esplanada, que possuem atendimento noturno até as 21h, de segunda a sexta-feira.

Enfatiza ainda que a equipe de monitoramento de portas nos hospitais se mantém atenta às necessidades de transferências das unidades superlotadas.

A prefeitura informou ainda que a Secretaria Municipal de Saúde trabalha com a equipe de monitoramento de porte de urgência e emergência, auxiliando na transferência de pacientes para as outras unidades hospitalares, criando um fluxo e, com isso, diminuindo a sobrecarga em um único hospital.
 
CENTRAL DE LEITOS
“Também trabalhamos com os cogestores junto à central de regulação de leitos do Estado avaliando laudos de transferências de outras cidades para os hospitais de Montes Claros, assim como ajudando na transferência de pacientes da região que estão internados em nossa cidade para as suas de origem”, afirma a nota.

A secretária Municipal de Saúde, Dulce Pimenta, informou que o Alpheu de Quadros está com o número de plantonistas suficientes e segue com atendimento normal. Disse ainda que os hospitais da cidade contam com equipes de remanejamento em ação para liberar leitos e encaminhar pacientes.

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