Relaxamento dos cuidados pode ser a causa de aumento do número de casos de Covid em MOC

Márcia Vieira
Hoje em Dia - Belo Horizonte
17/11/2020 às 22:59.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:04
 (ARTE HD)

(ARTE HD)

Bares cheios, pessoas andando pelas ruas sem máscara, viagens e festas familiares. Uma lista de atitudes da população que pode estar contribuindo para o aumento de casos de Covid-19 em todo o país. E em Montes Claros não é diferente. A cidade soma 12.310 casos confirmados e 202 mortes, segundo dados divulgados até o fim da tarde de segunda-feira. Somente nos últimos dois meses, a média de casos por dia mais que dobrou, mesma relação para o número de óbitos.

Até 15 de setembro, o município tinha 7.157 casos, número que pulou para 9.882 em 15 de outubro, chegando aos atuais 12.310. Portanto, foram 5.153 confirmações a mais em dois meses, o que equivale a 42% do total de casos, desde o início da pandemia, em março. A média diária saltou de 39,76 – até setembro – para 85,8 entre setembro e novembro.

O número de óbitos também segue a mesma tendência. Pulou de 110,em 15 de setembro, para 152 em outubro, chegando aos atuais 202. São 92 mortes a mais nesses dois meses, o que equivale a 45,5% do total, desde o início da pandemia. A média diária de pessoas que perderam a vida por causa do coronavírus saltou de 0,61, de março a setembro, para 1,53 entre setembro e novembro.
 
RELAXAMENTO
“Há um nítido relaxamento em várias atividades, que poderá corroborar com o aumento dos casos”, avalia o professor Gustavo Cepolini, coordenador do curso de Geografia da Unimontes, que faz um trabalho de mapeamento da evolução da Covid no Norte de Minas.

Em Montes Claros, o nível de ocupação hospitalar coloca a cidade em estado de alerta, com 82% dos leitos clínicos com paciente. Já os de UTI adulto estão na faixa verde, com 64% de ocupação. Mas, em recente entrevista, a secretária Municipal de Saúde, Dulce Pimenta, chegou a dizer que leitos para a Covid estariam sendo descredenciados na cidade. Além disso, o hospital de campanha montado na UPA Chiquinho Guimarães foi desativado.

“A desativação dos leitos pode representar risco, já que muitas cidades do Norte de Minas não possuem UTI”, pontua Cepolini. Segundo ele, apenas Montes Claros corresponde a 45% do total de óbitos na região – que está em 444. São 200 vidas ceifadas, apesar de haver uma aparente estabilidade nos dados”, diz o professor.
 
SUBNOTIFICAÇÃO
Segundo o acompanhamento da Unimontes, os dados compilados até agosto demonstraram que o pico da pandemia havia sido postergado na região. Porém, a preocupação que havia com a subnotificação persiste.

“É uma coisa que identificamos, que falamos seriamente e que ainda ocorre. O montante pode ser até 33 vezes maior. Tem uma correlação muito forte da subnotificação, bem como dos casos assintomáticos. Essa geografia da pandemia revela desigualdade na distribuição do serviço de saúde e fazendo a correlação número de respiradores por habitante é assustador. Alguns municípios sequer tinham respiradores. Esse cenário mudou um pouco com as doações e investimentos. Alguns casos de forma tardia, mas mudou o mapeamento”, declarou o professor.
 
MAPEAMENTO
O primeiro registro da doença na região foi em abril. De lá para cá, alunos do curso vêm acompanhando o cenário da pandemia para permitir sobretudo que a população tenha acesso a informações confiáveis.

Entre a primeira semana de abril e o último dia de maio, 34 dos 89 municípios do Norte de Minas possuíam casos confirmados da Covid-19. Agora, todos já registraram confirmações da doença.

Para a médica infectologista Cláudia Biscotto, a população tem que ter consciência de que o mundo ainda está diante de uma pandemia e que os cuidados continuam sendo necessários. “Se as pessoas relaxarem, pode ter uma segunda onda que vai comprometer todos os benefícios de flexibilização que tivemos até agora”, afirma.

CAPITAL
Em Belo Horizonte, o atendimento a pacientes com suspeita de Covid-19 na rede pública registra um aumento gradual, ao longo de um mês. De 17 de outubro a 14 de novembro, aponta boletim epidemio-lógico divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte nesta segunda-feira (16), a curva da doença voltou a subir na cidade. A taxa de transmissão do novo coronavírus, que era de 0,99 há uma semana, também avançou, para 1,13. 

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