Pacientes estão sem transporte para hemodiálise em Montes Claros

Eles denunciam omissão do município, que não oferece veículo próprio durante pandemia

Márcia Vieira
O NORTE
11/08/2020 às 07:57.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:15
 (ASCOM PREFEITURA MONTES CLAROS/DIVULGAÇÃO)

(ASCOM PREFEITURA MONTES CLAROS/DIVULGAÇÃO)

Além de ter que lidar com a dor do tratamento, pacientes que passam por hemodiálise em Montes Claros reclamam da falta de assistência do município na oferta de transporte específico para esse público. Atualmente, o serviço é feito por meio do Transpecial, sob gestão da MCTrans, mas os veículos são destinados, prioritariamente, para cadeirantes e utilizados como paliativo no atendimento dos pacientes de hemodiálise. 

O aposentado Dilson Silva sente a falta de uma legislação que o atenda. Ele precisa comparecer ao hospital três vezes por semana. Com a saúde frágil, preferiu abrir mão do Transpecial nestes tempos de pandemia e optou por usar aplicativo, mas lamenta pelos pacientes que passam por dificuldade financeira, não podem abandonar o tratamento e estão sujeitos a ficar sem a única alternativa de transporte gratuito. 

“São praticamente R$ 16 por dia, ida e volta. Isso compromete o bolso, mas o Transpecial passa em muitos bairros, faz muitas paradas e aumenta o risco. Mesmo assim, tem gente que não consegue outro meio de transporte. Ir de lotação também está perigoso. Se tivesse um veículo só para a hemodiálise, ia ajudar muito”, diz ele, que é portador de diabetes e se enquadra no grupo de risco do coronavírus.

RISCO AMPLIADO
A ausência de uma lei para atender esses pacientes ficou mais evidente em tempos de pandemia. Para ter acesso, os usuários precisam renovar a carteirinha, mas a MCTrans cancelou as perícias sob o argumento de que ouso é exclusivo para cadeirantes. De acordo com o vereador Valcir Soares(PTB), o motivo seria outro.

“Na verdade, eles cancelaram porque muitos pacientes que não vão com acompanhante dependem do auxílio do motorista para se locomover. Com a pandemia, os acompanhantes teriam que retornar para casa e aguardar, já que não podem se aglomerar no hospital. Mas a falta do transporte dificulta isso e faz com que muitos compareçam sozinhos, mesmo sem condições clínicas para isso”, diz o vereador, que desde 2018 entrou com requerimento pedindo ao Executivo que envie àquela Casa um PL que crie uma oferta do serviço por meio da Secretaria Municipal de Saúde. 

“Nós renovamos o requerimento em 2019 e vamos entrar com outro agora, porque o prefeito sequer deu uma resposta. A assistência à saúde é obrigação do município. Se houvesse um transporte para essa população, o impacto seria menor. São cerca de 250 pacientes nesta situação apenas em Montes Claros”, explicou o vereador, constantemente procurado por pacientes em busca de uma resposta.

“Apesar do risco, o tratamento não pode ser interrompido. Mas o espaço não comporta todas as pessoas e os pacientes ficam em torno de 3 a 4 horas no local. É necessário um transporte que atenda a demanda. Precisamos dessa assistência”, explica Rosilene Pereira, assistente social de um dos hospitais.

“O Transpecial para mim é tranquilo. Eles buscam em casa. No momento não estou fazendo uso do serviço porque meu filho passou por uma cirurgia. Mas moro no Cidade Industrial e preciso desse meio de transporte. Retirar o serviço é ruim para todo mundo. Sem ele, haverá prejuízo à população”, pontua Érica. 

A reportagem procurou a MCTrans, mas ninguém atendeu as ligações. A secretária de Saúde, Dulce Pimenta, também não foi encontrada.

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