Hiperinflação pesa em 2021 e assombra 2022

Montes Claros saiu de um período de inflação moderada para um quadro de hiperinflação no ano passado, o que quebrou o orçamento doméstico

Larissa Durães*
O NORTE
07/01/2022 às 23:18.
Atualizado em 10/01/2022 às 02:03
 (leo queiroz)

(leo queiroz)

O bolso do montes-clarense foi castigado em 2021. O trabalhador teve que pagar mais caro por praticamente todos os itens que consome, seja alimentos, transporte, combustíveis, produtos de limpeza e medicamentos. Isso em um ano em que muitos perderam o emprego ou viram a rentabilidade dos negócios despencar por causa da pandemia.

A inflação no município saiu de um patamar moderado para a hiperinflação. A cada mês um novo recorde era batido no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que fechou 2021 em 10,32%, muito acima dos 8,41% registrados em 2020 e quase o dobro dos 5,37% de 2019.

De acordo com a economista e coordenadora da pesquisa do IPC em Montes Claros, Vânia Vilas Bôas Vieira, do Departamento de Ciências Econômicas da Unimontes, esta desproporção não acontecia na cidade desde 2016.

“O fato de estarmos longe dos grandes centros exige maiores gastos com a logística de transporte. Com a Covid-19, que ninguém esperava; o aumento do dólar, que elevou os preços dos alimentos e combustíveis; a crise hídrica, que alavancou o custo da energia, a elevação da inflação foi inevitável”, explica.

E os altos custos foram repassados para o consumidor em uma proporção muito superior ao reajuste dos salários. “O nosso salário não tem aumento já faz muito tempo, está cada vez mais achatado. Está difícil porque na época que mais precisamos, para comprar remédios e ter uma boa alimentação, estamos passando por estes aumentos desproporcionais”, lamenta a professora aposentada Rosa Terezinha, de 81 anos. 

Os reflexos da crise, segundo ela, podem ser vistos pelas ruas da cidade. “Vemos cada vez mais pessoas nos sinais, crianças e velhos também”, diz.

Para Vânia Vilas Bôas, os custos pesam até mesmo para os produtos que chegam de cidades vizinhas, como a banana de Jaíba (206 km) ou de Janaúba (135 km), que sai praticamente do lado de Montes Claros e, mesmo assim, registrou aumento de 24,41%.

ANO DIFÍCIL
Ela ressalta que os produtores passaram um ano difícil, com a escassez hídrica, aumento da energia elétrica, dos combustíveis e dos insumos dos produtos agrícolas, que são praticamente compostos de matéria-prima importada, afetados então pela alta do dólar.

E em 2022 não haverá refresco, aponta Vânia. “Será um ano ainda mais difícil”, estima a economista, lembrando que já começamos a nova etapa com pagamentos obrigatórios e pesados, como o IPVA e o IPTU, que comprometem o orçamento familiar.

A saída, segundo ela, é fazer um planejamento financeiro da família. “Tem que reunir e discutir qual o orçamento, prioridades, os gastos essenciais, que são os relevantes neste momento”, ensina. Será preciso apertar ainda mais o cinto, alerta.

“Está muito difícil fazer compras. Antes dava para encher o carrinho. Hoje, com o mesmo valor, o carrinho fica vazio”, afirma a pedagoga Mayounara Soares. “O pacote de café mais que dobrou de preço. Realmente a inflação deste ano veio pra quebrar o bolso do brasileiro”, completa.

Taxa de dezembro é menor
Após vários meses de recorde no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que chegou a 1,23% em outubro, dezembro tem uma retração na inflação, apesar de registrar alta nos preços de todos os sete grupos e subgrupos que servem como base de cálculo para o índice. A taxa do último mês do ano ficou em 0,89%, com a alimentação, mais uma vez, pesando no bolso do consumidor. Itens básicos, como o café (9,75%), a banana (24,41%) e a carne bovina (5,29%) pressionaram o custo de vida em Montes Claros. Até mesmo a possibilidade de variação do cardápio ficou comprometida, diante do custo maior dos peixes (9,55%), miúdos (1,77%) e carne suína (1,73%). O reajuste do óleo diesel em 2,22% e do etanol em 1,76% também castigou or orçamento familiar. O custo da cesta básica em dezembro ficou em R$ 447,93, fechando o ano com uma alta de 7,01%, na comparação dos 13 produtos considerados essenciais para uma pessoa ao longo do mês. (L.D.)

*Com Leonardo Queiroz

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