Fiscalização impede vendas externas no Shopping Popular em Montes Claros

Lojistas reclamam que punição não é aplicada igualmente a todos os comerciantes

Márcia Vieira
O Norte
14/05/2020 às 03:47.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:30
 (fotos divulgação)

(fotos divulgação)

Uma fiscalização da Prefeitura de Montes Claros bateu à porta do Shopping Popular ontem. A ação foi realizada após os comerciantes montarem bancas na calçada do empreendimento para venderem os produtos. A iniciativa foi uma medida desesperada dos lojistas, que alegam dificuldades financeiras e que não têm de onde tirar o sustento das famílias.

Os fiscais da Secretaria de Serviços Urbanos foram acompanhados pela Guarda Municipal, e proibiram a colocação de mercadorias na porta do estabelecimento. Os comerciantes acusam a prefeitura de retaliação direcionada, já que várias outras lojas estariam abertas no Centro da cidade sem qualquer intervenção municipal.

Há mais de uma semana, como O NORTE mostrou na edição de terça-feira, o grupo que atua no Shopping Popular solicitou ao prefeito Humberto Souto a retomada das atividades, seguindo protocolos de segurança. Até o momento, no entanto, não houve resposta.
 
MODELO
Os lojistas, todos usando máscaras, gravaram um vídeo ontem no prédio do shopping, em frente às portas das lojas fechadas. Eles mostraram que seria possível realizar o atendimento ao cliente sem que este precisasse entrar na loja. Utilizaram álcool em gel e isolamento com uma fita, indicando ao prefeito como fariam o trabalho se fosse permitido o funcionamento.

“Somos três na nossa casa e não temos outra fonte de renda. Não conseguimos o auxílio do governo e estou com mercadoria estocada. O que a gente quer não é aglomeração. Pedimos que a prefeitura seja responsável, que permita a venda e que nos ampare nessa situação. Faríamos como foi indicado aqui, seguindo as regras, uma única pessoa dentro da loja. Mas estamos abandonados, sem atenção e sem orientação sobre quando e como voltaremos a trabalhar”, lamentou um comerciante que pediu para que não fosse identificado. Ele conta que só não está passando fome porque colocou alguns produtos dentro do carro e foi a algumas casas de conhecidos vender.

Ele alega que o município usa “dois pesos e duas medidas” para comerciantes das ruas e do shopping. “Há pessoas vendendo coisas nas portas de prédios na mesma rua. O decreto só vale pra gente?”.
 
PERSEGUIÇÃO
Para o comerciante D.L., o tratamento diferenciado para mesmas situações o faz acreditar que “o prefeito está perseguindo os lojistas e se amparando na situação de pandemia para posteriormente fazer o que bem quiser”.

“Ele nos considera como um problema e, depois, quando estivermos falidos, vai alegar que precisa dar uma destinação ao shopping”, reclama.

Do outro lado da calçada, uma banca de vendas de bilhetes está montada e os trabalhadores não são abordados pelos fiscais. O mesmo acontece nas ruas laterais, cujas lojas de produtos – de bijuterias a eletrodomésticos – estão de portas abertas.
O secretário de Serviços Urbanos, Vinícius Versiani, não foi encontrado para falar sobre a situação. Eustáquio Saraiva, presidente do Instituto de Previdência dos Servidores de Montes Claros (Prevmoc), autarquia que administra o Shopping Popular, afirmou que não pode fugir das determinações municipais e que está seguindo as regras do decreto. 

Disse que, por ora, não há a possibilidade de reabertura, mas que cabe a cada lojista efetuar a sua venda no sistema de entrega na porta da loja.

Sobre a abertura do estacionamento para efetivar o drive thru, Eustáquio disse que o local é pequeno e a estrutura não comporta a manobra. Com relação à cobrança dos aluguéis, o secretário declarou que no momento está suspensa e só após o retorno das atividades as negociações serão feitas com os lojistas.


 

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