Corrida para ter ‘Saúde na Hora’

Prefeitura tem quatro meses para ampliar atendimento ou perde verbas

Christine Antonini
24/08/2019 às 07:22.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:09
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Montes Claros é a terceira cidade do Norte de Minas a ingressar no programa “Saúde na Hora”, criado pelo governo federal com o objetivo de ampliar o horário de funcionamento de unidades de atenção básica em cidades brasileiras. A proposta, no município, é estender a jornada de trabalho de 14 unidades de saúde da família (USF). No entanto, a população questiona se a prefeitura conseguirá cumprir o compromisso assumido, pois a falta de profissionais da saúde, principalmente de médicos, é um problema recorrente na cidade e na zona rural.

Montes Claros tem quatro meses para se adequar às determinações do Ministério da Saúde, caso contrário, será desclassificada do programa.

Para garantir a permanência no “Saúde da Hora” e os recursos que ele repassa – em dobro e até em triplo do que é pago atualmente –, a Secretaria Municipal de Saúde precisa estender para 60 horas semanais o horário de funcionamento das USF, que atualmente funcionam até as 18h. Com isso, os postos poderão funcionar à noite e fins de semana.

No entanto, na carga horária atual, moradores já têm grande dificuldade em conseguir atendimento por falta de médicos. Os postos de saúde estão sempre lotados e os pacientes voltam para casa frustrados.

A USF do bairro Eldorado, por exemplo, ficou sem médico por 30 dias. A alegação do município é a de que o profissional estava de férias, mas não foi enviado um substituto.

Os moradores do Jardim Primavera ficaram sem atendimento por 15 dias – a situação só foi regularizada no último domingo.
 
SALÁRIO BAIXO
Na zona rural, como O NORTE já mostrou em outras edições, o problema é ainda mais grave. Há posto de saúde fechado desde o início do ano pela falta de profissionais. A classe médica alega que não compensa financeiramente se deslocar para as comunidades, pois o município paga abaixo do teto da profissão.

“Meu esposo faz uso de remédio controlado para pressão e ele compra o medicamento devido à dificuldade para renovação de receita. Um dia eu precisei de encaminhamento para ortopedia e não consegui. Tive que fazer uma consulta particular para conseguir o laudo”, diz a atendente de telemarketing Franciany Lima Alves, de 42 anos, que buscou ajuda no USF Santa Rafaela.

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, Marlon Xavier (PTC), afirma que a classe médica está desmotivada. “Já fui médico de posto de saúde em comunidade rural e sei da dificuldade em deslocar para locais onde as estradas, quase sempre, estão danificadas. Quando eu fazia esses atendimentos, recebia uma gratificação e não existia essa falta de médicos”, disse Marlon.

A Secretaria de Saúde informou que abriu contratação temporária de 181 profissionais para trabalhar nas USF, sendo 17 vagas para médicos e mais 17 para odontólogos.

Além de Montes Claros, Coração de Jesus e Mamonas já aderiram ao programa. A partir da adesão ao projeto, as unidades que recebiam R$ 21,3 mil para custeio de até três equipes de saúde da família passam a receber R$ 44,2 mil e, se optarem pela carga de 60h semanais, receberão incremento de 106,7%. Se a unidade possuir atendimento em saúde bucal, o aumento pode chegar a 122%, passando de R$ 25,8 mil para R$ 57,6 mil.

“Com adesão ao programa, os municípios terão condições de fortalecer os serviços de atenção primária, possibilitando a redução das filas nos serviços de média e de alta complexidade”, ressalta a superintendente Regional de Saúde de Montes Claros, Dhyeime Pereira.

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