Campanhas para arrecadação têm feito a diferença durante quarentena

Márcia Vieira
O Norte
03/04/2020 às 00:26.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:10
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Em tempos de pandemia, a solidariedade salva vidas. E, muitas vezes, a união de forças começa com um chamado solitário, mas determinado. “Uma andorinha só faz verão, sim”, lembra a advogada Elaine Xavier, que iniciou uma campanha de arrecadação de cestas básicas para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social, agravada nos tempos atuais.

Apenas três dias de campanha foram suficientes para mostrar que a solidariedade contagia e arrebanha outras andorinhas.

“Uma amiga falou de uma família no bairro Carmelo onde a mãe foi acometida pelo câncer de mama e o filho descobriu uma leucemia. Ao chegar nesta casa vi que não tinham nada para comer. Montamos uma cesta básica com alimentos ricos em nutrientes e a partir daí resolvi fazer campanha para arrecadar alimentos, pois tem muitas outras famílias na mesma situação”, relata.

Elaine recebeu até agora 82 cestas básicas. Ontem, conseguiu entregar 20 delas no bairro apelidado “Coberta Suja”, região do Distrito Industrial.

Trabalhadores informais que vendem alimentos nas ruas têm merecido atenção também. Caso do sr. Orestes, que vende balas no trânsito, mas tem sofrido com a falta de movimento. Ontem, ele ganhou uma cesta da freguesa habitual.

“Ele não tem outra atividade, não conseguiu se aposentar. É ali na rua que ganha o sustento. Quando o chamei, ele me revelou que desde às 7 da manhã estava na rua, mas não tinha conseguido fazer sequer uma venda. E ficou muito feliz com a cesta”, diz a advogada, que durante a entrevista recebeu mais uma cesta, doada por Mateus Elias Costa.

“Se todo mundo ajudar nesta situação que estamos passando agora, no final das contas, acabaríamos contribuindo com muitas pessoas. A gente tem pouco. Mas com esse pouco, pode salvar muita gente”, disse Mateus. 

MAIS TROCAS
Profissionais que estão na linha de combate à Covid-19 e outras enfermidades também se organizam em redes solidárias. E retribuem, usando o pouco tempo disponível para propagar a ideia e estendê-la ao máximo de profissionais. Caso da nefrologista Tatiana Vieira Carneiro.

“Atendemos pacientes de hemodiálise em mais de um hospital e eles vêm três vezes por semana. Estes estão mais suscetíveis ao Covid-19 em razão da baixa imunidade e mesmo se forem contaminados, não podem interromper o tratamento. Essa campanha é muito válida porque precisamos de material de proteção e a confecção de máscaras, capotes e outros itens que têm nos ajudado bastante”, afirma.

“Nesta ação temos encontrado apoio de muitas pessoas, como mototaxistas, que se dispõem a buscar os materiais e levar até quem confecciona”, diz, referindo-se à campanha “Ser Tão Solidário”. A campanha já arrecadou cerca de 500 máscaras que foram distribuídas em oito hospitais da região. 

E foi por meio da mensagem repassada pela médica que o casal Francisco e Raquel Ornellas soube da ação. “Fiz uma pequena colaboração e divulguei entre os meus amigos”, disse Raquel.

A servidora Soledade Oliveira integra a Associação de voluntárias de um hospital da cidade e revela que a busca por doações é permanente. Os pedidos foram intensificados.
 
AJUDEM!
“Não sabemos o que vem pela frente e quanto mais material, melhor. Ontem mesmo veio uma pessoa que tem confecção e se ofereceu para ajudar a fazer jalecos, toucas, lençóis e para isso precisamos dos tecidos que podem ser doados”, diz Soledade.

A psicóloga Christine Athayde também aderiu à causa. “Pessoas que conheço tem respondido à campanha e até mesmo se oferecido para ajudar no quê e como podem. Vejo que a solidariedade é a saída que muitos tem encontrado para lidar com o isolamento”, observa. 

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