Ameaça de ataque assusta pais e alunos

Estudante postou imagem com arma e avisando que sairia à caça: à polícia, disse que foi uma brincadeira

Carlos Castro Jr. - Leo Queiroz
22/03/2019 às 06:54.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:55
 (REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS)

(REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS)

Uma semana após o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), que vitimou cinco alunos e dois funcionários, um estudante de 17 anos, do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Plínio Ribeiro, popularmente conhecida como Escola Normal, em Montes Claros, foi apreendido após publicar nas redes sociais fotos com armas de brinquedo e fazer ameaças de ataque à escola.

“Amanhã nós caçaremos, vcs serão vítimas do inesperado” e “a aula de amanhã vai ser top”, publicou o jovem no aplicativo de mensagem. Ao tomar conhecimento da publicação, no final da tarde de quarta-feira, o diretor da escola, Danilo Cordeiro, entrou em contato com a Polícia Civil, que foi até a casa do adolescente.

O garoto disse à polícia que tudo não passou de uma brincadeira. Ele entregou uma touca, uma réplica de arma e objetos usados nas postagens, que foram apreendidos.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, o aluno foi ouvido pelo delegado de plantão e autuado. O procedimento padrão é que o apreendido assine um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e seja liberado.

O caso do estudante, contudo, será analisado e decidido pelo juiz. O adolescente pode ser indiciado por incitar publicamente a prática de crime. A pena para o delito varia de três a seis meses de prisão, ou pagamento de multa.

Apesar de o adolescente alegar que era apenas uma brincadeira, a postagem se espalhou rapidamente por grupos de bate-papo e rede social, causando apreensão por parte dos alunos, pais, professores e direção da escola.

Segundo o diretor da instituição de ensino, o aluno é frequente e cumpre com suas obrigações na escola. “Ele é um menino que nunca trouxe problema disciplinar para a escola. Infelizmente, cometeu esse equívoco e vamos acolhê-lo da melhor maneira possível e trabalhar todos esses temas com os nossos alunos”, disse Danilo.

Ontem, dia seguinte à publicação, as aulas tiveram número de alunos reduzido. Também nas redes sociais, estudantes replicaram a informação de que o diretor teria suspenso as aulas.

O diretor negou a informação e disse que as aulas seguem normalmente, exceto hoje, que não haverá expediente pois os professores realizam paralisação para questionar pontos da Reforma da Previdência.

MEDO
Nas redes sociais, alunos e pais comentaram o susto com a ameaça. “Minha filha estuda lá. Quando saiu isso nos grupos da escola, fiquei apavorada. E agora, como a gente manda os filhos pra escola? Difícil, viu”, disse Graciele Moura, mãe de uma aluna.

De acordo com a socióloga, historiadora e pedagoga Carla Patrícia Melo, os jovens têm acesso a informação, mas não têm seleção crítica. “Eles têm uma necessidade de alimentar o ego e também de autoafirmação. Um jovem que acha normal fazer uma brincadeira que mobiliza e afeta colegas, pais, escola no geral, não tem capacidade de medir como uma atitude dessas pode afetar de maneira direta e indireta diversas vidas”, afirma.

Ainda de acordo com Carla Patrícia, o fato levanta novamente o debate de trabalho em equipe pela educação. “A educação tem papel coletivo, da escola, da sociedade, da família e todos, de maneira parceira, precisam trabalhar em cima de princípios”, completa.

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