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Terça-Feira,13 de Maio

Rebelião na cadeia de Pirapora: presos exigem revisão de pena, assistência médica e reclamam da superlotação

Jornal O Norte
Publicado em 22/02/2006 às 10:42.Atualizado em 15/11/2021 às 08:29.

Tiago Severino


Correspondente



Os detentos da cadeia pública de Pirapora fizeram uma rebelião nesta segunda-feira, dia 20. O motivo foi o cancelamento das visitas sem qualquer comunicação prévia. Os presidiários quebraram as paredes das celas, queimaram colchões e fizeram reféns. Eles reivindicavam também melhores condições de vida, assistência médica, transferência e revisão de penas.



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(Fotos: Tiago Severino)



A rebelião começou por volta das oito horas da manhã. Os detentos quebraram a parede de uma das celas e foram para o pátio da prisão. Eles fizeram outros quatro presos reféns, que foram espancados e ameaçados de morte com um vergalhão de ferro, caso as exigências não fossem atendidas.



Sob a mira de revólveres e metralhadoras, os presos eram vigiados pelos policiais, que assistiam à movimentação dos detentos pelas guaritas e passarelas que rodeiam o pátio. Os detentos não se intimidaram com a presença da polícia e gritavam a todo instante palavras de ordem e queriam a presença do juiz da comarca para realizar as negociações.



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Quando chegou à cadeia, o juiz Carlos Alberto de Farias tentou negociar da guarita com os detentos para que fossem libertados os reféns. Os líderes dos presos foram levados até uma sala para que fizessem as exigências diretamente ao juiz.



- Nós somos seres humanos. Como podemos viver em um espaço de poucos metros com mais de cem homens? – reclamou Alex Pires Tavares ao juiz. Alex foi preso por assalto. Ele disse que existem presidiários com o período de detenção já vencido que ainda estão em reclusão.



Alex também exigiu que fossem melhoradas as condições de vida dos detentos. Ele afirmou que não existe nenhum tipo de assistência médica para os presos, que sofrem com o perigo da transmissão de doenças, como a gripe, devido ao ambiente abafado; e, também, a dengue, pela concentração de água parada em vários pontos da cadeia.



- Não há nenhuma higiene na cadeia, quando a gente pede para ir ao hospital, dizem que não tem viatura, mas a gente ouve direto no rádio, que agora a polícia ganho muitos carros- diz Alex.



Edson dos Santos também pediu a revisão de pena de vários detentos. Ele fez o juiz e o major Sílvio Augusto, comandante da polícia militar, garantirem que nenhum preso sofreria repressão física.



Faria prometeu entrar em contato com as cadeias da região para tentar a transferência de alguns detentos. Ele disse que será montada uma pasta para o acompanhamento do preso, assim será possível saber quando o período de detenção de um preso terminar.



Nenhum detento fugiu da cadeia. Após o fim das negociações, os presos foram levados apenas de cueca para o pátio e os policiais fizeram a revista na cela. Foram recolhidos vários vergalhões de ferro.



SOFRIMENTO E DESESPERO DE FAMILIARES



nullOs familiares dos presos da cadeia pública ficaram indignados com o cancelamento da visita que são feitas todas as segundas. Segunda-feira, dezenas de pessoas que vão até o cadeião ver os maridos, filhos e irmãos foram proibidos de entrar. Em resposta a isso, os presidiários fizeram uma rebelião no interior da cadeia.



Durante o período da manhã a cadeia esteve no controle dos detentos que queimaram colchões, quebraram paredes e fizeram refém. Enquanto isso, do lado de fora, os parentes não tinham nenhuma informação sobre o que acontecia com os presos.



Os familiares dos presidiários ficaram indignados, alguns chegaram a perde a comida que haviam preparado. Outros entregaram para os agentes penitenciários, mas afirmaram não ter certeza que o alimento será entregue à pessoa correta.



Carla Belmira iria visitar um detento, ela afirmou que desde cedo mulheres grávidas e crianças de colo estavam a espera da visita, eles só foram avisados do cancelamento, quando o horário de início se aproximou.



Rosiane Menezes veio de Brasília, exclusivamente, para visitar o marido preso na cadeia pública de Pirapora a cerca de seis meses. Ela disse que ligou no domingo, durante a tarde, para a delegacia que confirmou a visitação na segunda-feira. Rosiane afirmou que mesmo depois de julgado, nenhum tipo de providência foi tomada pela justiça para a possível transferência dele para uma penitenciária.



“Eles estão pagando pelo que fizeram, mas são seres humanos, devem ser tratados como gente”, indiginou-se Maria Luzeni Damasceno. “Já não bastasse o sofrimento que é viver naquele inferno, nos ainda sofremos aqui sem nenhuma informação”, disse.

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