Na próxima sexta-feira, dia 20, às 19h30, ocorre a culminância do projeto “Periferias no Centro” no Centro de Educação Profissional e Tecnologia da Unimontes. O evento terá discussões e atividades de letramento sobre as realidades LGBTQIA+, apresentação cultural da companhia Saruê, lançamento do documentário Periferias no Centro e entrega de certificados às instituições parceiras.
Segundo a socióloga e mestranda em Desenvolvimento Social pela Unimontes, Letícia Imperatriz, o objetivo dos projetos “Periferias no Centro” e “Aquilombar LGBTQIA+ Diversidade” é dar visibilidade às vivências da comunidade LGBTQIA+ e promover o letramento e a inclusão. “Ambos são iniciativas que buscam construir respeito e compreensão, trazendo para o debate público questões que muitas vezes permanecem invisíveis”, explica Letícia.
O projeto “Periferias no Centro”, focado em Montes Claros, busca romper com a marginalização geográfica e simbólica da comunidade LGBTQIA+. “Somos corpos periféricos, não só geograficamente, mas socialmente também”, afirma Letícia. A iniciativa promoveu atividades em escolas, hospitais, presídios e empresas, desmistificando preconceitos e promovendo educação sobre diversidade.
Já o Aquilombar a LGBTversidade, será realizado em São Francisco e envolve cidades vizinhas, como Ubaí, Luislândia e Brasília de Minas, para construir espaços de acolhimento para a comunidade LGBTQIA+, incentivando reflexões sobre identidade e pertencimento.
Ambos os projetos são liderados por quilombolas, como Jair Nogueira, do Quilombo dos Nogueiras, em Montes Claros, e Lucas Rafael, do Quilombo Florentino José dos Santos, em São Francisco. “Esses líderes têm um papel essencial em sensibilizar a sociedade e criar espaços de acolhimento”, destaca Letícia.
AQUILOMBAR
No sábado (21), em São Francisco, será realizada a culminância do Aquilombar a LGBTversidade, com a apresentação do relatório final, exibição do documentário do projeto e entrega de certificados. Segundo Welington Coimbra, pedagogo e mestre em Educação responsável por ambas as iniciativas, o evento busca prestar contas à sociedade e mostrar o impacto das ações realizadas. “Queremos que a comunidade LGBTQIA+ compreenda sua realidade, seus direitos e as políticas públicas disponíveis para sua defesa”, afirma.
Coimbra reforça a relevância desses projetos para uma região que carece de políticas públicas efetivas para populações marginalizadas. “Embora existam recursos e diretrizes nacionais, muitas vezes não se ensina como implementar ações concretas. Esses projetos oferecem caminhos práticos para trabalhar o tema em diferentes áreas, como educação e saúde”, explica.
Apesar das dificuldades enfrentadas, como a resistência de algumas prefeituras, Coimbra destaca o êxito em estabelecer diálogos com comunidades quilombolas e instituições locais. “Foi mais fácil acessar os quilombos do que dialogar com secretarias de educação, mesmo com diretrizes que incentivam esse trabalho”, lamenta.
Os eventos dos dias 20 e 21 reforçam a importância de incluir a comunidade LGBTQIA+ no debate público, promovendo empatia, respeito e conhecimento. “O letramento é um caminho para a compreensão mútua e para fortalecer as trajetórias de vida dessas pessoas”, conclui Letícia.