O aroma e o sabor do café do Norte de Minas ganharam reconhecimento nacional. O produtor Almecy Felipe de Souza, de Serranópolis de Minas, conquistou o segundo lugar na categoria regional Chapada de Minas (café natural) durante a Semana Internacional do Café (SIC), o maior evento do setor no país, realizado entre os dias 5 e 7 de novembro, em Belo Horizonte.
A premiação confirma o avanço da cafeicultura na região e o potencial de produtores que vêm investindo em qualidade, manejo e inovação. Para Almecy, o resultado é uma conquista simbólica: “Essa premiação incentiva a gente a crescer mais. O mundo inteiro está presente na SIC, os maiores produtores e especialistas. É gratificante ver o nosso café, ainda em fase de consolidação, ser reconhecido entre os melhores”, celebrou o agricultor, que participa pela terceira vez do evento.
Almecy é um dos beneficiados pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Café Mais Forte), do Sistema Faemg Senar, que oferece acompanhamento técnico e orientações sobre gestão e boas práticas de cultivo. Desde 2023, ele recebe visitas mensais de um especialista que o auxilia a aprimorar todas as etapas da produção, da nutrição do solo à colheita.
O resultado é visível: em 2025, na sua primeira safra produtiva, o produtor colheu cerca de 30 sacas (1.800 quilos) de café de alta qualidade. E os planos não param por aí. “Algumas áreas de plantio serão ampliadas até dezembro. Estou acreditando na atividade para a região, que tem grande potencial. Hoje tenho 4.500 pés e pretendo implantar mais 4 mil. O ATeG fez toda diferença: começamos sem entender muito, o retorno era baixo, mas agora a evolução é incrível e animadora”, afirma o produtor, que soma mais de 20 anos de experiência em lavouras.
“Há muito tempo temos incentivado a profissionalização da produção de café em nossa região. Os pequenos produtores sempre saíam para trabalhar nas colheitas de café no Sul de Minas e, com isso, começaram a trazer mudas e a plantar o café aqui. Fomos acompanhando de perto esse processo e, por meio da Faemg/Senar, conseguimos um ATeG de quatro anos para acompanhar esses pequenos produtores. São mais de 16 anos de parceria, período em que já oferecemos mais de 300 cursos para esses trabalhadores”, explica o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, Elton Mendes Barbosa.
“Essa conquista foi muito importante para nós, pois sabemos que Minas Gerais possui grandes plantios e grandes produtores de café. Temos muito orgulho dessa conquista d o 2º lugar ”, completa o coordenador.
O crescimento não é um caso isolado. Outro produtor da região, Jorge Batista Lucas, também teve seu café selecionado entre as mais de 2 mil amostras avaliadas em Minas Gerais para o concurso da SIC 2025. O feito reforça a ascensão da cafeicultura norte-mineira, impulsionada pela adoção de tecnologias e pelo apoio técnico.
A técnica de campo Jaciara Soares, que acompanha os produtores, destaca a transformação que tem ocorrido desde a implantação do programa. “Antes, a região era um gargalo da cafeicultura. Com o ATeG, em apenas dois anos, tivemos uma grande virada: abertura de novas áreas, variedades mais produtivas e colheitas com grãos de melhor qualidade”, explica Jaciara.
A profissional aponta que o avanço está diretamente ligado à mudança de mentalidade dos produtores e ao fortalecimento da assistência técnica. “A nutrição das lavouras melhorou, o manejo ficou mais eficiente e os resultados começaram a aparecer. Hoje o Norte de Minas começa a se posicionar no mapa do café de qualidade”, complementa.