Na noite da última terça-feira (1), o presidente do Conselho de Segurança Pública (Consep) de Montalvânia, Norte de Minas, foi preso previamente pela Polícia Civil suspeito de crimes sexuais. O homem de 37 anos é investigado em um procedimento que apura uma série de crimes, incluindo produção e posse de pornografia infantil, estupro de vulnerável, estupro, importação sexual e satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente. Além da prisão, nesta quarta-feira (2), a PCMG também cumpriu um mandado de busca e apreensão. O suspeito encontra-se no sistema prisional à disposição da Justiça.
De acordo com informações policiais, ao tomar conhecimento das investigações em curso, o suspeito agiu de forma estratégica e procurou se proteger, buscando uma aproximação com todos os setores da segurança pública de Montalvânia, chegando a assumir o cargo de presidente do Consep.
RELATO DOS ABUSOS
A investigação policial teve início depois que uma vítima resolveu denunciar que teria sido abusada sexualmente pelo suspeito, dos seus 13 até os 18 anos de idade. Com o avanço das atividades, os policiais civis identificaram outras nove vítimas do investigado.
Conforme apurado, para cometer os delitos ele se aproximava das vítimas oferecendo presentes e ajuda financeira para as suas famílias, ganhando a confiança dos adolescentes e familiares, os quais, em regra, viviam em grave vulnerabilidade social. Depois, ele chamava as vítimas para ir até a casa dele nos finais de semana, quando promovia “festas” regadas de bebidas alcoólicas e, quando os menores já estavam embriagados, eram abusadas por ele. Ele também filmava as vítimas enquanto estavam nuas.
Responsável pela investigação, o delegado Theles Bustorff Feodrippe de Oliveira Martins, disse que uma das vítimas relatou ter sido dopada várias vezes pelo suspeito com remédios que foram colocados em doces, momento em que perdia a consciência e era abusada sexualmente. “Esta vítima ao perceber que havia algo errado tentou recusar os convites para frequentar a casa dele, contudo, foi chantageada com uma possível divulgação dos vídeos em que era abusada. Ele afirmou, que todos iriam saber o que eles faziam quando a vítima estava em sua casa”, contou.
O delegado ressalta ainda que o suspeito exercia pressão psicológica sobre as vítimas, afirmando que sofria de depressão, que se manifestava pelo desejo de se matar. Ele convencia as vítimas de que a única maneira de aliviar esses pensamentos e afastar a vontade de acabar com a própria vida era por meio da prática de atos sexuais. “Dessa forma, ele se aproveitava da vulnerabilidade das vítimas, que eram convencidas de que o abuso era algo normal”, explica o delegado.
A investigação também demonstrou que ele explorava a força de trabalho das vítimas, impondo-lhes uma rotina extremamente exaustiva de trabalhos sem remuneração financeira, sob o pretexto de que já estava gastando muito dinheiro com elas, ajudando-as em tratamentos de saúde ou comprando presentes.