Por todos os lados ainda é possível encontrar o pequi adocicado e consistente da safra vinda da zona rural de Montes Claros e cidades vizinhas, como Jequitaí, Japonvar e Francisco Dumont. Apesar do preço um pouco mais salgado – até R$ 20 a dúzia –, a procura é grande pelo fruto, que ainda pode ser achado com facilidade pela região. Catadores, feirantes e técnicos dizem que esta safra, de excelente qualidade, foi menor.
O técnico Ubaldo Ferreira Gonçalves, da Emater-MG, diz que há pouca pesquisa sobre o pequi, mas alguns fatores podem ter contribuído para a safra mais enxuta.
“Quando você entra na área do pequizeiro, há pés de pequi sem produção, com pouca produção e outros com muita produção. Acreditamos que uma lagarta foi um dos fatores que contribuíram para essa baixa produção. Estudos já estão sendo feitos pela Epamig para verificar o impacto e o controle da lagarta”.
Segundo ele, as chuvas e o sol mais brando em janeiro impediram que o pequi amadurecesse rápido demais. O fruto caiu no tempo certo. “Já era para não ter pequi mais e observamos que vamos ter até o começo de março”.
Relatos de catadores de pequi poderão ajudar a esclarecer o que aconteceu. “Sabemos que o pequi deve ser colhido após cair do pé. E de acordo com os catadores, o local onde o fruto é tirado antes da hora não está dando mais pequi”. O técnico completa: “Quando em um ano produz bem e outro não produz, talvez a terra tenha usado todos os nutrientes no período anterior e não tenha toda essa força para o seguinte”, pondera.
De acordo com o feirante Charles Moisés, que trabalha com a venda do fruto todos os anos no Mercado Central de Montes Claros, a safra deste ano foi menor que a do ano passado.
“Não tivemos a mesma quantidade, mas a previsão para o consumidor achar o fruto pela cidade é até o início de março. Tivemos um pequi sadio, de qualidade e que ainda pode ser encontrado por toda a cidade. As vendas foram excelentes, as pessoas procuraram bastante o fruto este ano”, diz.
Ele lembra que mesmo quando o pequi acaba, no restante do ano é possível encontrar vários produtos derivados do fruto, como óleo do pequi, doce, farinha, pequi em conserva e licor.
A empresária Lenise Diniz fez até estoque de pequi. Congelou para servir na Bahia.
“Não posso ficar sem pequi. Meu restaurante, por mais que sirva comida baiana, leva o nome de Casa de Minas Petiscaria, e pequi não pode faltar. Sempre tem um mineiro que passa por Porto Seguro e pergunta se servimos. Eles ficam surpresos quando falamos no tradicional arroz com pequi e carne de sol. Muitos turistas e até estrangeiros ficam sabendo e pedem para preparar o prato”, conta.
Ela confirma que o pequi deste ano foi muito bom. “Mas, ao comprar, percebi que a safra foi menor. Vou correr para buscar mais, porque já está no finalzinho e quero garantir pequi o ano todo”.