Benjamim Oliveira Júnior
Correspondente
JANAÚBA – Os pequenos produtores rurais integrados ao Pronaf – Programa Nacional de Agricultura Familiar – poderão suspender o pagamento das linhas créditos face às conseqüências provocadas pela seca que dizimou quase que a totalidade das culturas no Norte de Minas. Há também a possibilidade de reivindicar o perdão das dívidas dos pequenos produtores. Esses serão um dos questionamentos da reunião que envolverá lideranças regionais e dirigentes de órgãos governamentais, na próxima semana em Montes Claros.
A reunião será para avaliar as primeiras providências tomadas e traçar outras metas que visam socorrer os flagelados da seca. A secretária estadual extraordinária para o desenvolvimento do Norte de Minas e Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Elbe Brandão, afirmou esta semana que a situação é caótica nessa região que abrange 173 municípios. Ela ressaltou que o Governo de Minas determinou que a Defesa Civil se empenhe nessa questão.
POMAR E CISTERAS
Os governos federal e estadual, através do Idene – Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas – investirão na abertura de 4.500 cisternas para atender as comunidades mais atingidas pela falta de chuva regular. Outra adoção anunciada por Elbe Brandão é a implantação do programa Pomar do Sertão, que consiste na capacitação das mulheres quanto à produção de alimento.
A secretária disse ainda que haverá a distribuição de 80 toneladas de sementes de mamonas visando o incremento dessa cultura que proporcionará a geração de emprego e renda. O governo incentiva o cultivo de mamona para aproveitamento do biodiesel. E destacou ainda a implementação na região do PCPR – Programa de Combate à Pobreza Rural que deverá gerir em torno de R$ 92 milhões.
REPETIÇÃO DE PENITÊNCIA
Citado primeiro pelo O Norte (edição de 02 de fevereiro passado) que a seca atual na região de Janaúba pode se repetir ao verificado em 1938 (há quase 70 anos), o fato foi noticiado posteriormente pela imprensa (jornais e televisões) regional e estadual. Em janeiro de 1938 choveu apenas 2,5 milímetros contra 8 milímetros verificados em janeiro deste ano. Em 1939 a região viveu o drástico período de fome, com a queda da produção de alimentos.
A secretária e deputada Elbe Brandão se mostrou preocupante com a semelhança dos fatos, mesmo decorridos quase sete décadas e com o avanço tecnológico. Ela recordou da situação de penúria nos anos 70. “Foi em 1976 quando a situação se assemelha a deste ano”, diz a secretária que na época participou de caminhadas da população entre a Igreja Bom Jesus (a primeira de Janaúba) até o Cruzeiro (uma alta cruz) afixado em frente à estação ferroviária, percurso de aproximadamente um quilômetro. Os fiéis rogavam pela chuva para superar a seca.