
A Polícia Civil de Minas Gerais detalhou, nesta quarta-feira (1º), a Operação “Engodo”, que desmantelou uma organização criminosa responsável por aplicar golpes milionários na venda de piscinas e acessórios em Januária e cidades do Norte do estado. Segundo o delegado Farley Guedes, da Polícia Civil de Januária, as investigações começaram após a constatação de uma série de estelionatos na cidade.
“A operação teve início com uma investigação sobre a prática de crimes de estelionato em Januária. Integrantes do grupo saíam de Montes Claros até a cidade, firmavam contratos para a instalação de piscinas e acessórios, mas os serviços não eram concluídos. Mesmo assim, conseguiam captar grandes valores de forma ilícita”, explicou.
O trabalho investigativo se estendeu por sete meses e contou com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e a cooperação do Laboratório de Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) de Montes Claros. “Descobrimos que, além do estelionato, havia também a lavagem de dinheiro e a redistribuição dos valores obtidos entre os integrantes da organização”, afirmou Guedes.
A operação resultou na prisão de sete pessoas, apreensão de três armas de fogo, grande quantidade de munições, um veículo Hilux, no valor de mais de R$ 300 mil, um carro popular e o sequestro de uma mansão de luxo de R$ 2,8 milhões no bairro Ibituruna. “Um dos presos será autuado por posse ilegal de arma de fogo, pois mantinha o arsenal em casa sem registro. Os bens apreendidos agora servirão para o ressarcimento futuro das vítimas”, destacou o delegado.
O coordenador do Laboratório de Lavagem de Dinheiro, Diego Flávio Carvalho Pereira, detalhou a dimensão financeira do esquema. “Foi apurado que mais de R$ 30 milhões em movimentações suspeitas ocorreram em dois anos. O grupo utilizava contas de pessoas físicas e jurídicas para dar aparência de legalidade e lavar o dinheiro. Houve movimentações incompatíveis com a renda declarada, uso de empresas de fachada e intensa movimentação financeira entre os próprios investigados”, explicou.
Pereira explicou que depósitos em espécie seguidos de saques eram usados para ocultar a origem do dinheiro e que algumas pessoas envolvidas tinham ciência da ilegalidade. Ele destacou que a desarticulação financeira ajuda a desestimular o crime e garantir o ressarcimento das vítimas.
O delegado regional de Januária, Luiz Bernardo, ressaltou a atuação estratégica da Polícia Civil. “A organização investigada atuava em todo o Norte de Minas. Com a divulgação dos resultados e a prisão dos envolvidos, muitas outras vítimas procurarão a polícia para relatar que também foram alvo dos golpes, o que reforça a importância dessa difusão”, disse.
Segundo ele, apenas em Januária quatro vítimas registraram boletins de ocorrência, mas estima-se que o número real seja maior, incluindo registros em Janaúba e Montes Claros. “Muitas pessoas ainda nem sabem que foram vítimas de estelionato, acreditando tratar-se apenas de um desacordo comercial”, explicou.
Finalizando, o delegado explicou que o grupo usava empresas de fachada e publicidade enganosa para atrair vítimas, que pagavam entre R$ 14 mil e R$ 35 mil por piscinas e acessórios, e que o esquema incluía lavagem de dinheiro por meio da compra e venda de imóveis.