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Quinta-Feira,21 de Novembro
Possível contaminação

Mortandade de abelhas no Norte de Minas é alvo de investigação

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 31/10/2024 às 19:00.

Lucas Antunes, que depende da apicultura para sua subsistência, expressa tristeza com a situação, cuja causa ainda está sob investigação (arquivo pessoal)

Atividade recorrente no Norte de Minas, a Apicultura é responsável pelo sustento de inúmeras famílias, como a de Lucas Antunes, apicultor da cidade de Lontra, Norte de Minas, que essa semana foi surpreendido com a perda do seu investimento, ao constatar a morte de abelhas em seu apiário. Ele conta que é dessa atividade que provém o seu sustento e todo o recurso de que dispunha foi aplicado, esperando colher o resultado na próxima safra.

“Pago minhas contas, meus impostos, compro minhas coisas e necessidades aqui, com o dinheiro das abelhas. Perdi tudo”, lamenta. Com uma produção habitual de dois mil quilos de mel por ano, ele comercializa na própria cidade e para outras regiões como São Paulo e Belo Horizonte. O apicultor registrou um boletim de ocorrência e acionou as autoridades competentes para descobrir a origem do dano. A suspeita é de que as abelhas tenham morrido em virtude de contaminação na área, provocada pelo uso de defensivos agrícolas por produtores locais. 

“Estou parado até o momento, esperando o resultado da análise para a gente ter certeza se realmente foi o veneno que matou, mas pela experiência de apicultor que a gente tem ao longo dos anos, temos quase certeza de que foi o uso indiscriminado de agrotóxico ou veneno”, afirma. Caso seja comprovada a suspeita, o prejuízo é ainda maior. “Se for veneno, eu não posso reutilizar o material. Perdi o investimento, o mel que eu ia colher e o material. E nesse caso, além das minhas abelhas, morrerão outras nativas da região”.

Adeilton Cardoso, que enxerga na apicultura mais do que um passatempo, relata a persistente contaminação de apiários por defensivos agrícolas, o que tem gerado um embate constante com os agropecuaristas. “Em alguns lugares, existe até uma consciência do produtor rural que avisa ao apicultor o dia que vai aplicar, daí o apicultor, dentro do possível, mantém as abelhas confinadas nas colmeias e só libera no dia seguinte. Infelizmente, isso acontece com quem tem abelhas próximas a monoculturas”, relata.

Para o biólogo Patrick Valim, a situação ocorrida em Lontra deve ser investigada com rigor e usada como exemplo a ser observado. “As abelhas não estão ligadas somente à produção de mel, mas também a serviços de polinização e transporte de pólen, o que permite a fertilização das plantas e sua reprodução. Alguns vegetais dependem exclusivamente das abelhas para sobrevivência”, explica.

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) está investigando a situação. A previsão, segundo Guilherme Antunes, coordenador regional do IMA, é de que o resultado saia em aproximadamente 15 dias. “Foi realizada uma coleta de amostras para diagnóstico do ocorrido. A suspeita é de que seja intoxicação por agrotóxico, mas somente teremos certeza após o resultado que será emitido pelo laboratório oficial do IMA”, explicou Guilherme, alertando para o uso responsável dos fertilizantes. “Quando o produtor rural utiliza os agrotóxicos em sua propriedade, seguindo as recomendações e respeitando a legislação de uso, ele não comprometerá os apicultores”, disse.

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