
Faleceu, aos 80 anos, na Terra Indígena Xakriabá, na quarta-feira (9), a indígena Anísia Nunes de Oliveira, mãe do cacique Domingos Nunes e do ex-prefeito José Nunes. Ela residia na Aldeia Brejo Mata Fome, sede desse que é o maior grupo étnico de Minas Gerais, que ocupa mais de 70% do território de São João das Missões, no Alto Médio São Francisco.
A matriarca assumiu papel de liderança a partir de 12 de fevereiro de 1987, quando o esposo, o cacique Rosalino Gomes de Oliveira, foi chacinado na Aldeia Sapé. Naquela data, estava grávida de dois meses e, ainda, segurava uma criança no colo, quando foi baleada e gravemente ferida. Mais dois indígenas, Manuel Fiúza da Silva e José Teixeira Santana, foram brutalmente assassinados.
Na época, seu filho José Nunes, que exerceu por três mandatos a chefia do executivo, tinha 10 anos. O atual cacique Domingos tinha 12 anos. Os dois assistiram ao lado da mãe a ação na madrugada dos 15 grileiros de terras que ganhou repercussão internacional. Somente após a chacina, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) homologou e demarcou uma área de aproximadamente 53.014,92 hectares.
Diabética e hipertensa, Anísia Nunes de Oliveira “ancestralizou” no dizer do Povo Xakriabá em Montes Claros, na Fundação Dílson Godinho. Ela estava internada e não resistiu à infecção na corrente sanguínea e a “doença arterial obstrutiva periférica”. Além do filho líder político e do cacique do Povo Xakriabá, Dona Anísia deixa mais quatro filhos, o ex-vereador Otelice, Valdir, Rosalina e Rosyane Aparecida. Ficará viva na memória, também, de 25 netos e 13 bisnetos.
O sepultamento foi realizado às 7h desta sexta-feira (11), em São João das Missões