Durante o ano de 2023, a Central de Atendimento à Mulher, conhecida como “Ligue 180”, registrou um total de 568,6 mil chamadas, equivalente a uma média de 1.558 contatos por dia. Também revelou um aumento de 23% no volume de denúncias de violência contra mulheres em comparação com o ano anterior, totalizando 114,6 mil denúncias. As violações de direitos das mulheres relatadas ao Ligue 180 também cresceram, passando de 442,4 mil em 2022 para 596,6 mil em 2023, representando um aumento de 25,8%. A maioria das denúncias (91,52%) referia-se a ameaças à integridade psíquica, física, negligência ou patrimonial, enquanto 5,63% das denúncias mencionavam o impedimento das mulheres de usufruir de sua liberdade.

Segundo a delegada Karine Maia Costa, da Delegacia de Mulheres de Montes Claros, é essencial reconhecer que essa informação não deve ser apenas encarada como algo negativo. “Veja bem, quando percebemos que muitas mulheres estão denunciando, mesmo percebendo que a violência ainda está muito presente, que ainda está ocorrendo em grande escala, ao mesmo tempo, podemos perceber que as mulheres estão se mobilizando para não aceitar mais isso. E isso é ótimo”, frisa. 

Na visão de Karine, o aumento significativo de denúncias coloca o problema em evidência, motivando autoridades, indivíduos e a sociedade em geral a se mobilizarem e enfrentarem essa situação de maneira mais organizada. “Então isso tem um lado muito positivo se nós pensarmos por esse lado. Um dia vão ter de focar em encontrar uma solução”, admite.

Ainda conforme a delegada, o Brasil é o oitavo país em que mais se mata mulheres no mundo, “uma estatística horrorosa, triste para o nosso país”. Mesmo com tantas denúncias e com a Lei Maria da Penha, “considerada a terceira melhor do mundo”, o número de denúncias de violência sofrida pelas mulheres vem aumentando devido à corrupção generalizada e dificuldades na educação. “Por isso enfrentamos desafios significativos na implementação de políticas públicas de apoio às mulheres”, explica.
 
ESTATÍSTICAS
Os dados de violência doméstica e familiar contra a mulher em Montes Claros, apresentado pela Polícia Civil, mostra um aumento no número total de vítimas entre 2020 (2.839) e 2023 (3.354). Os agressores incluem companheiros e cônjuges, ex-cônjuges e ex-companheiros, filhos/enteado, namorados, entre outros. As violências físicas, morais, psicológicas e sexuais também foram detalhadas, mostrando variações nos números ao longo dos anos. 

A delegada destaca que a cultura também influência, mencionando que algumas mulheres carecem de autoconhecimento e autoestima. Ela enfatiza a importância do apoio do Estado para mulheres vulneráveis, especialmente aquelas sem apoio familiar ou financeiro. No entanto, ela observa que o apoio atual é insuficiente diante da magnitude do problema. “É necessário modificar a educação para que as meninas aprendam a se sustentar financeira e emocionalmente, enquanto os meninos aprendam a apoiar as mulheres sabendo que isso não compromete a sua masculinidade”. Enfatizando assim a importância do crescimento mútuo e não egoísta entre os gêneros.

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