Outubro está chegando ao fim e a Primavera, estação que teve início em 23 de setembro às 3h50 e vai até o dia 22 de dezembro, não trouxe a chuva esperada até o momento.
No final de setembro, o montes-clarense chegou a ser surpreendido com ventos fortes e tempo fechado, que anunciava chuva, mas o derramamento das águas na região não aconteceu. Em São Romão, cidade da região que registrou a temperatura mais alta do Brasil recentemente, acima dos 40 graus, a chuva foi apenas um ensaio. Em Montes Claros, que tem registrado em média 38 graus nos últimos dias, o calor tem sido intenso.
A previsão dava como certa a chegada e permanência das águas com pelo menos 25% de chuvas a mais nos meses de outubro, novembro e dezembro, em relação ao ano anterior.
“Nós já passamos da metade do mês de outubro e estamos com chuvas bem abaixo da média histórica”, diz o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Flávio Pimenta. Ele explica que a instabilidade atmosférica que provoca chuvas em alguns pontos e escassez em outros é reflexo do fenômeno chamado El Niño.
“Esse fenômeno nada mais é do que o aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Além dele, observamos a formação de diárias de baixa pressão, o que acaba impedindo a entrada de massa de ar e essa massa de ar é responsável pela propagação das chuvas. A partir do ano que vem, janeiro, fevereiro e março, é que as expectativas eram de 15% a menos, então a perspectiva desse ano até dezembro é que, se tudo correr bem, ainda teremos esses 25%”, analisa.
Especialista no tema, Flávio reforça que, as previsões climáticas hoje, incluindo as que partem de institutos consolidados como o Instituto Nacional de Meteorologia e Instituto da USP, estão caindo justamente por causa desta instabilidade, já que o El Niño é o grande agente que promove chuva no Sul e seca na Amazônia.
“Mês de outubro ainda é complicado e a torcida é para que tenhamos chuvas localizadas. O calor continua. Um pouco menor do que na semana passada, mas a sensação térmica, que é pior, fica até 40 graus”, afirma.
Em relação a chuva que caiu em setembro e cessou, Flavio pontua que ela não é normal nesse período. “ É totalmente atípica e mostra, mais uma vez, a instabilidade atmosférica”, finaliza.