Visando desenvolver políticas públicas voltadas a animais como cães, gatos e equinos, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) está trabalhando no mapeamento e diagnóstico dessa população. O sistema é válido para todo o Estado e os representantes dos municípios devem preencher as informações por meio de formulário eletrônico.
Em alguns bairros de Montes Claros, a quantidade desses animais soltos nas ruas se constitui em um desafio até mesmo para os protetores voluntários, que trabalham muitas vezes sem auxílio do governo para socorrer os animais expostos a maus tratos e/ou abandonados pelos tutores. Por outro lado, moradores dessas regiões se sentem inseguros ao transitar pelas vias.
“Mudei meu percurso, porque não me sinto tranquila para passar perto dessa quantidade de cães que ficam na rua. Embora pareçam inofensivos, eles atacam. Prefiro dar a volta e caminhar um pouco mais” disse Cristiane de Oliveira, moradora da rua Zé Farrista, próxima à avenida Tito Versiani, no Bairro Augusta Mota.
Segundo o veterinário Lucas Mendes Soares, representante do Conselho Regional de Medicina veterinária (RMV-MG), professor e gestor do Hospital Veterinário Renato de Andrade, do Centro Universitário Funorte, a iniciativa da Semad é essencial para enfrentar os desafios, pois as políticas públicas bem estruturadas são cruciais para garantir a saúde pública, reduzir o abandono e promover um equilíbrio sustentável com o meio ambiente. “Além disso, esse diagnóstico é uma oportunidade para as administrações locais adotarem práticas baseadas em dados e colaborem com os profissionais da área, para a implementação de estratégias eficazes de manejo, envolvendo tanto a prevenção quanto a educação da população”, explica.
DESAFIOS CONSTANTES
Para o protetor Délcio Rocha, a maior dificuldade do mapeamento é saber qual animal é de rua e abandonado e quais deles têm cuidadores, já que no Norte de Minas a prática de soltar os animais para passear nos arredores é muito comum. “Com os gatos é a mesma situação, com a diferença que os gatos, você não consegue ver uma aglomeração enorme como a gente vê a dos cães. Levantamento dessa magnitude não é tão fácil assim”, avalia Délcio, ressaltando que o município saiu na frente na criação de um Conselho de Proteção à vida e bem-estar animal, mas nas últimas gestões não foi dada posse ao conselho. “É de suma importância que tenha políticas públicas para essas três espécies, principalmente, mas que os conselheiros sejam empossados, porque aí o município terá outro grupo trabalhando nas questões”, disse.
Outro ponto destacado pelo protetor é sobre a criação de uma delegacia especializada, de bem-estar animal, para que, no caso de denúncias, uma equipe preparada seja responsável tanto pelo resgate desses animais quanto pelo abrigo ou similar. “Para um controle populacional, a gente tem que contar com a conscientização de toda a população. Para cada um real que o governo deixa de investir na proteção desses animais, gastará cem reais com zoonoses. E quando se trata de zoonoses, o controle tem que ser eficaz”, destacou. Segundo o protetor, com esse mapeamento é possível alcançar, se não 100%, pelo menos 80% da identificação dos animais e sua situação real.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas o setor informou não possuir detalhes sobre as tratativas relacionadas a essa ação governamental. No Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), não havia nenhum responsável disponível para comentar o assunto.