Logotipo O Norte
Sábado,4 de Maio
Perigo a longo prazo

Aedes faz dobrar média diária de chikungunya em Minas

Márcia Vieira
06/05/2022 às 00:52.
Atualizado em 06/05/2022 às 10:57

Moradores do bairro Augusta Mota reclamam da sujeira nos lotes vagos que abrigam focos do Aedes (divulgação)

O perigo oferecido pelo Aedes aegypti não se limita à dengue. A média de casos diários de chikungunya registrada em Minas neste ano já é mais que o dobro da de 2021. Nos quatro primeiros meses de 2022, o Estado já soma 4.147 casos prováveis da doença – média de 34 por dia. Nos 12 meses de 2021 foram 5.655 notificações – média de 15 por dia.

Apesar de o número ser bem menor que os de dengue (46.595), há uma grande preocupação com a chikungunya porque, assim como a zika, ela pode deixar sequelas.

“Enquanto a dengue tem um uma evolução benigna em até sete dias, excetuando casos raros de gravidade, a chikungunya tem potencial para a gravidade e incapacidade de trabalho por causa das dores nas articulações, que são muito fortes. Estamos com muitos casos na região”, afirma a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde (SRS), Agna Menezes.

Em Montes Claros, o número de casos prováveis já chega a 1.068, contra 2.508 da dengue, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) na última quarta-feira (4).

Assim como a dengue, o transmissor da ckikungunya é o mosquito Aedes agypti, que tem encontrado nas cidades norte-mineiras solo fértil para se reproduzir. A maioria dos municípios da região está com índice de infestação alto, em situação de muito risco de surto.

Em Buritizeiro, por exemplo, foi preciso acionar a força-tarefa do Estado para barrar o avanço da doença, como O NORTE mostrou na edição de quarta-feira. 
 
DESCASO DA POPULAÇÃO
Mato alto, entulho e lixo espalhados em lotes vagos são cenas comuns de se ver em Montes Claros. A situação preocupa vizinhos desses pontos, fáceis de ser serem encontrados, por exemplo, no bairro Augusta Mota.

Uma das ruas chegou a ser “interditada” pelo lixo que chegou ao meio da via. Restos de material orgânico dividem espaço com vasilhames, galhos de árvores, material de construção e outros objetos despejados no local.

“Muitas vezes são moradores do próprio bairro que fazem o descarte irregular. Além do perigo de esconder pessoas, já que o lote é aberto, temos que conviver com o risco de contrair alguma doença com a sujeira que tomou conta. A prefeitura precisa ser mais incisiva com os donos destes lotes”, reclama a moradora B.Q., que tem crianças em casa e teme pela saúde delas.

A moradora afirma que, em alguns casos, são pessoas que moram em outros bairros e não se importam em manter os lotes limpos. “Compram para valorizar e deixam ao Deus dará. Tem que ter multa e punição para estas pessoas”, defende.

Uma das vítimas da chikungunya é a professora Giselda Gil. Dois meses após o diagnóstico da doença ela ainda sofre com as sequelas. A dor no corpo a impede de realizar tarefas simples do dia a dia. A doença resultou em artrite nos pés, água no joelho, tendinite nos pulsos, bursite nos ombros e outras articulações inflamadas por todo o corpo. “O mosquito pegou pesado comigo”, conta Giselda.

Mãe solo, autônoma e distante da família que reside em Minas Novas, ela está impedida de trabalhar em consequência da doença. Em tratamento, conta com a ajuda de amigos que estão promovendo uma rifa para arrecadar recursos. “Afetou minha vida física, emocional, psicológica e financeira. Como mãe, a gente sente que não pode adoecer. Tenho esperança de me curar logo”, desabafa.

Quem quiser ajudar Giselda, pode participar da rifa de um kit de produtos Eudora, no valor de R$ 10. Basta acessar o Instagram @giseldacapivara, ou faça um PIX para o CPF: 37057293810.

Os exames para diagnóstico da chikungunya são feitos na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, a partir do material que é coletado nos municípios. 

“As amostras são enviadas na segunda, quarta e sexta-feira e os exames são analisados lá. A equipe de Saúde da Família solicita, a coleta é feita na Policlínica do Alto São João e eles encaminham o material e cópia da ficha de notificação para o nosso laboratório macrorregional. A Funed só recebe as amostras com a cópia da ficha de notificação, então a pessoa tem que procurar a unidade básica para ser notificado e realizada a coleta”, explica Agna Menezes.

Multa por sujeira em lotes
O secretário de Obras e Planejamento Urbano de Montes Claros, Guilherme Guimarães, informou que a prefeitura gasta anualmente cerca de R$ 2 milhões com limpeza de áreas públicas, mas pela legislação, o município não pode efetuar a limpeza de áreas privadas. As notificações sobre o acúmulo de lixo nos lotes pode ser feita pelo aplicativo “Serviços Urbanos”.

“O proprietário do lote tem 15 dias para fazer a limpeza e, caso isso não aconteça, recebe uma multa em torno de R$ 2.400. Se o serviço não for feito dentro do prazo e ele receber uma segunda notificação, a multa é dobrada”, disse.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por