(Aluísio Eduardo / Imprensa MG)
A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) deve iniciar no próximo trimestre, em Araxá, no Alto Paranaíba, a produção de materiais para uma nova geração de baterias, que utilizam uma solução avançada capaz de impulsionar a transição energética global.
A tecnologia foi apresentada ao governador Romeu Zema na sede da Toshiba, na cidade japonesa de Kawasaki, empresa que desenvolveu o novo método em parceria com a CBMM. O encontro fez parte do primeiro dia de compromissos do governador no Japão. Ele também se reuniu com a Mitsui e Oji Holdings.
Em 2018, a CBMM formalizou uma parceria com a Toshiba Corporation para o desenvolvimento de baterias de lítio com ânodos de óxidos mistos de nióbio e titânio, para uso principalmente em veículos elétricos, dos de passeio às máquinas pesadas. Esse é um avanço para atrair mais empresas interessadas em fabricar as cargas elétricas em Minas Gerais, fortalecendo a cadeia produtiva de lítio, nióbio e outros elementos.
“Ficamos impressionados com a capacidade dessa nova tecnologia, que vai viabilizar baterias menores, com maior autonomia e menor tempo para recarga. A CBMM vai iniciar a fábrica da matéria prima que possibilita a construção da bateria, mas queremos mais. Apresentamos à Toshiba as potencialidades de Minas para que ela também fabrique a bateria em Minas”, analisou o governador.
MAIS SEGURANÇA E EFICIÊNCIA
Abundante no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha, o lítio é um elemento essencial para a produção de baterias de longa duração. Assim como o nióbio – com 80% da produção mundial concentrada em Minas Gerais –, o lítio também se destaca no objetivo de eletrificação, por suas propriedades.
Entre as vantagens dessa nova tecnologia que combina os dois minerais estão, por exemplo, maior durabilidade das baterias e carregamento ultrarrápido.
Segundo Rogério Ribas, gerente executivo do Programa de Baterias da CBMM, a parceria com a Toshiba resultou na aplicação do óxido de nióbio nas baterias de íons de lítio, fornecendo características especiais para esse componente.
“Por ser um elemento muito estável, o nióbio permite operações mais seguras e eficientes. Além disso, possibilita a recarga total em menos de dez minutos, sem causar danos à bateria. Por estas características únicas, as baterias com nióbio apresentam mais segurança e uma vida útil muito maior que a das baterias tradicionais”, disse o executivo.
A nova bateria apresenta uma densidade volumétrica duas vezes superior às oferecidas por baterias convencionais (que utilizam ânodos com grafite), contribuindo, assim, para a redução do tamanho dos packs de baterias, diminuindo peso e o espaço ocupado nos veículos.
Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio, a nova tecnologia desenvolvida no estado pode resolver um dos grandes gargalos para a popularização dos veículos elétricos, que é o tempo de recarga.
“Hoje, você pode levar uma ou duas horas para carregar um carro elétrico totalmente. Em uma viagem entre Minas e São Paulo, seria necessária uma parada longa. Mas, com baterias com essa tecnologia, você poderá recarregar o carro enquanto faz um lanche. É um avanço considerável em relação ao que temos hoje no mundo”, afirmou.
CADEIA PRODUTIVA
A nova planta de óxidos da CBMM terá capacidade produtiva de 3 mil toneladas por ano de óxidos mistos para baterias, aplicáveis em tecnologias de carregamento ultrarrápido e seguro, de alta potência e maior vida útil, movimentando toda a cadeia produtiva do lítio. A produção vai começar com uma escala menor, mas as novas baterias já devem estar disponíveis no mercado até o fim do ano que vem.
Para o CEO da Invest Minas, João Paulo Braga, a fábrica de matéria-prima para as baterias potencializa a atração de investimentos para o estado.
“Certamente, será uma tecnologia que chamará a atenção de montadoras de todo o mundo. E, para elas, é muito melhor estar próximo de quem extrai o lítio e que produz as baterias, o que resulta em ganhos fiscais e de competitividade. Minas Gerais se tornará ainda mais atrativa para empresas que querem atuar na cadeia do lítio e da transição energética global”, ressaltou Braga.