Municípios norte-mineiros têm dificuldade para comprar oxigênio

Januária e Espinosa afirmam que não conseguem encontrar fornecedor em condições de entregar o produto, essencial no atendimento da Covid

Márcia Vieira
O NORTE
13/03/2021 às 00:37.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:24
 (Prefeitura Januária/Divulgação)

(Prefeitura Januária/Divulgação)

O Norte de Minas vive semanas difíceis e turbulentas em função da pandemia pelo novo coronavírus. O número de casos e mortes é crescente, em uma velocidade assustadora, e provoca superlotação nos hospitais, que já não têm mais leitos para receber os pacientes. Nesta semana, mais um agravante: a dificuldade de adquirir oxigênio para atender pacientes que vão para o respirador.

Em Januária, cidade de 68 mil habitantes, quatro dos dez leitos de UTI reservados para a Covid não estão funcionando por falta de oxigênio. Os outros seis estão ocupados. “Conseguimos atender apenas seis leitos numa margem de segurança para nossa população. Se hoje tenho mil metros cúbicos de oxigênio, eu preciso dobrar essa capacidade. Preciso de dois mil por semana. Para ofertar os dez leitos, precisamos de mais oxigênio e hoje não tenho nenhuma empresa que nos dê segurança que o produto vai chegar aqui”, declara o prefeito de Januária, Maurício Almeida.

Segundo ele, o consumo de oxigênio varia entre cada paciente. “O grande problema nosso é que alguns pacientes consomem 30%, outros, 50%, 80% ou 90%. Desse modo, não podemos sair da linha de segurança que é de 100%, porque se eles precisarem do limite, não teremos. Para consumo interno está dando, mas se hoje precisar aumentar, é impossível”, lamenta Maurício.
 
NOVOS CASOS
O crescimento de confirmações de casos da Covid-19 preocupa gestores e médicos. Em Januária, por exemplo, havia uma média de 20 casos por dia na semana passada. Esse número chegou a cair para dez, mas, nesta sexta-feira, o município registrou 35 novos casos nas últimas 48 horas e uma morte. Até quinta-feira, conforme o prefeito, a cidade não apresentava mortes há 30 dias.

“A ocupação (de leitos) hoje é de 100% e há uma demanda de, no mínimo, dez pedidos de transferência por dia. São seis municípios da nossa jurisdição, mas somos referência para praticamente dez municípios”, pontua o prefeito.

Maurício Almeida afirma que, embora esteja em diálogo com o governo quase que diariamente, falta uma ação efetiva do Estado no município. “Temos cobrado uma presença maior, porque a gente que fica no extremo Norte parece não ter a atenção merecida. Não é somente fechar ou restringir. A saúde é tripartite. Estado, município e União colaborando para dar assistência à população. A gente sente, de certa forma, a ausência do Estado conosco”, lamenta o prefeito.
 
ESPINOSA
A dificuldade em comprar oxigênio também chegou a Espinosa. O prefeito, Mílton Barbosa, reiterou, em um vídeo, as dificuldades de encontrar o produto no mercado e deu voz a profissionais de saúde que pedem a colaboração da população.

“São dias muito difíceis. Estamos exaustos. Há mais de um ano estamos nessa luta e é uma luta de todos. Pedimos o apoio das pessoas para que não aglomerem e mantenham distância. Pessoas jovens estão sendo intubadas e não estamos conseguindo transferi-las para UTI”, afirma a enfermeira Elba de Freitas.

Em Montes Claros, os hospitais reforçam a situação de falta de leitos por meio de notas diárias. Nesta sexta-feira, o boletim da Secretaria Municipal de Saúde informa que foram confirmados mais 301 casos de Covid, aumentando para 21.311 ocorrências positivas. Mais cinco óbitos foram registrados, totalizando 359 mortes em razão da doença.

A Secretaria de Estado de Saúde foi procurada para falar sobre a dificuldade da compra de oxigênio e sobre a situação da pandemia no Norte de Minas, mas não respondeu até o fechamento da edição.

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