Maior chuva em 36 anos assola o Norte de Minas

Situação é de alerta geral e Amams orienta todos os municípios a decretarem emergência

Larissa Durães
O NORTE
29/12/2021 às 00:10.
Atualizado em 04/01/2022 às 00:15
 (FOTO AMARAL/DIVULGAÇÃO)

(FOTO AMARAL/DIVULGAÇÃO)

O Norte de Minas vive o pior período chuvoso dos últimos 36 anos. Rios e córregos transbordam e invadem as cidades, obrigando os moradores a deixarem suas casas. Dos 58 municípios mineiros que estavam com decreto de emergência já reconhecido pelo Estado até 20 de dezembro, cinco são da região do semiárido.

E muitas outras cidades ainda vão entrar na lista. É o caso de Janaúba e Porteirinha, que encaminharam o pedido à Defesa Civil Estadual nos últimos dias.

Levantamento feito pela Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) mostra que, até a manhã dessa terça-feira (28), 12 municípios já haviam decretado situação de emergência. E a orientação da entidade é que todas as 86 cidades que integram a região façam o decreto. 

As chuvas intensas – que devem continuar pelo menos até a próxima sexta-feira, véspera de Ano Novo – deixam a região em alerta. “As cidades não estão preparadas para receber tanto volume de água como agora”, afirma o presidente da Amams, José Nilson Bispo de Sá, prefeito de Padre Carvalho.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), avaliou o volume de chuva em 20 cidades brasileiras mais atingidas pelos temporais nesta segunda-feira (27). As duas primeiras são de Minas Gerais: Pedra Azul (134 mm), no Vale do Jequitinhonha, e Rio Pardo de Minas (79 mm), no Norte do Estado. No ranking também aparece Janaúba, em 16º (44,6 mm).
 
ACUMULADO
O Inmet aponta que Janaúba já acumula 372,2 mm neste mês – o maior desde 2013, quando o município registrou 367,1 mm. Por esta razão, a prefeitura decretou situação de emergência.

“Devido ao alerta para chuvas fortes, 86% dos municípios pretendem fazer o decreto de emergência”, afirma o presidente da Amams. “Todas as cidades têm zona rural e, além dos estragos que a chuva está fazendo dentro da cidade, faz também na zona rural. As estradas acabaram”, lamenta. 

A Amams realizou nesta terça-feira uma reunião de urgência com a Defesa Civil para tratar de ações nas 17 cidades da região do Alto do Rio Pardo afetadas pelas fortes chuvas que provocaram inundações, isolamento de pessoas e comunidades, além de rompimento de barragens e pontes.

A entidade disponibilizou os departamentos técnicos da associação a todas as cidades filiadas para auxiliar prefeitos e gestores na elaboração dos decretos de emergência.

Temporais destroem estradas na região
As chuvas levam perigo também para quem está pensando em pegar a estrada para as festas de Ano Novo e férias. A situação é crítica em vários pontos das rodovias que cortam o Norte de Minas e no sul da Bahia, um dos principais destinos dos norte-mineiros.

A agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Janine Emília Ribeiro Correa faz um alerta para todos que pretendem pegar as rodovias do Norte de Minas. “Entre Montes Claros e Pirapora (BR-365) há buracos. De Montes Claros para Salinas (BR-135), também. E de Salinas até a BR-116, está ainda pior!”.

Na BR-122, em Serra Branca, há registros de desmoronamento da pista em vários pontos, sentido Porteirinha.

Na avaliação de Janine, neste momento o melhor é ficar em casa. “A nossa recomendação é para não viajar!”.

E se em Minas está ruim, no Nordeste a situação é ainda pior. “As rodovias lá estão intrafegáveis. É melhor aguardar para ver, porque tudo está destruído por lá. De Salinas pra lá, está tudo destruído, acabou o asfalto e caíram as pontes”, informa.

Submersas e isoladas
Depois de Porteirinha, Rio Pardo de Minas e Serranópolis de Minas, que foram assoladas pelas chuvas na véspera do Natal, agora foi a vez de Salinas ficar debaixo d’água. O rio de mesmo nome que corta a cidade transbordou nesta segunda-feira e vários moradores tiveram que deixar suas casas.

A assistente social da Prefeitura de Salinas, Laíza Daniele Maia, diz estar apavorada, pois bastou um dia de chuva para que o rio Salinas subisse e invadisse as ruas, casas e comércios.

“A preocupação é muito grande, porque com um dia de chuva tivemos todo esse estrago, e não sabemos o que pode acontecer com a abertura da barragem, que vai ser liberada, para conter tanta água”, diz, aflita.

“Alguns colegas ficaram toda a madrugada tirando pessoas das casas. Hoje (ontem), tiramos outras e levamos para alojamentos”. Laíza conta que o abrigo para idosos Santa Clara teve de ser evacuado, porque o rio passa atrás dele. 

“Foram retirados 32 idosos, entre os que caminham, cadeirantes e acamados, e levados a um centro comunitário. O desafio continuou, pois foi preciso retirar todos do centro também, porque lá há risco de alagamento”.
 
ISOLADOS
Em Rio Pardo de Minas 40 comunidades estão isoladas e os veículos não conseguem chegar para oferecer ajuda, apenas aeronaves. Em Curral de Dentro cinco famílias estão em um abrigo depois de terem as casas inundadas. 

Rubelita também sofre com as fortes chuvas que caíram na região e já contabiliza grandes perdas. Conforme o prefeito de Berizal, João Carlos, quatro barragens romperam – dado não confirmado pelo Corpo de Bombeiros.

A corporação informou que realizou o trabalho preventivo antes do período das águas. “Alguns moradores chegaram a ser retirados pelos Bombeiros, mas não houve nenhuma ocorrência de maior gravidade”, informa o tenente Kollek Pereira da Silva. 
 
VELHO CHICO
De acordo com o 7º Batalhão de Bombeiros Militar de Montes Claros, as cidades que ficam às margens do rio São Francisco não registram ocorrências de inundações. Não houve aberturas das comportas em Três Marias. O nível do rio em Pedras de Maria da Cruz, São Francisco e Januária está normal para o período chuvoso.

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