Crescem as mortes por afogamento no Estado

Calor e férias reforçam alerta para cuidado na hora da diversão; celular pode se tornar vilão

Bruno Inácio*
25/12/2018 às 23:25.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:44
 (CORPO DE BOMBEIROS/DIVULGAÇÃO)

(CORPO DE BOMBEIROS/DIVULGAÇÃO)

Um homem de 59 anos morreu afogado em uma lagoa na Comunidade de Pau D’Óleo, em Montes Claros, na última semana. Segundo o Corpo de Bombeiros, ele nadava no local com um sobrinho quando se afogou. O homem seria a quarta vítima de afogamento na cidade em 2018 – número quatro vezes maior que o registrado no ano passado, quando o Corpo de Bombeiros notificou apenas uma ocorrência.

A vítima morava em Brasília de Minas. Segundo o sobrinho, os dois estavam fazendo um passeio quando ocorreu o incidente.

Um militar que estava de folga passeando na comunidade iniciou as buscas no local e conseguiu retirar o homem da lagoa. Ele fez manobras de reanimação cardiopulmonar, mas a vítima não resistiu.

Equipes dos Bombeiros e Samu foram acionadas e constataram o óbito. A lagoa fica a dez quilômetros do distrito de Nova Esperança.

A morte reforça o alerta para o perigo dos afogamentos, principalmente durante o verão. De janeiro a novembro, 499 mineiros perderam a vida em piscinas e cursos d’água, número 16% maior se comparado ao mesmo período de 2017.

A situação preocupa ainda mais nesta época do ano, devido às férias e temperaturas elevadas. As estatísticas do Corpo de Bombeiros são consideradas alarmantes pelos próprios socorristas e médicos, pois, segundo eles, os óbitos podem ser evitados.

Um dos principais riscos é o celular. O telefone se tornou vilão na busca pelo melhor ângulo na foto ou por distrair adultos que deveriam estar olhando as crianças.

“Ele tira a atenção. O ideal é ir em locais em que há salva-vidas ou bombeiros. Mas não são eles os responsáveis pelas crianças”, afirma o aspirante da corporação Robson Aparecido George. O militar também reforça a preocupação para o uso de bebida alcoólica.

“É uma combinação incorreta. Além disso, as pessoas devem evitar locais desconhecidos e ficar perto das margens. A maioria dos acidentes acontece por desconhecimento do local”.

Uma pesquisa com dados coletados em 2016 pelo Datasus – departamento de informática do Sistema Único de Saúde – mostra que o afogamento é a principal causa de morte acidental de crianças de 1 a 4 anos.

Conforme os Bombeiros, as ocorrências envolvendo os menores de 10 anos são mais comuns em piscinas. Já os casos que têm como vítimas adolescentes e adultos se concentram em rios, cachoeiras e praias. Em Montes Claros, um dos pontos de constantes ocorrências é uma lagoa formada dentro de uma empresa de mineração, conhecida como Pedreira. Uma parte do lago tem até oito metros de profundidade.

Segundo o Corpo de Bombeiros, as lagoas da pedreira e a do Interlagos são os locais que ocorrem afogamentos com mais frequência no município – é proibido nadar em ambos os locais.

Os Bombeiros reforçam a necessidade da presença constante de uma pessoa maior de idade enquanto as crianças estão na água.

“Respeite as placas de sinalização. Se há alerta de perigo, obedeça. E em caso de afogamento, não corra riscos. O correto é jogar um objeto que flutue: uma garrafa Pet, um isopor ou madeira e, depois, salvar a vítima”, acrescenta o aspirante.
 
SEQUELAS
Até novembro, 32 casos de princípio de afogamento foram registrados em Minas. Os minutos de desespero na água podem deixar sequelas. “O tempo submerso, a temperatura e o volume ingerido pela pessoa, mesmo que ela sobreviva, pode ter consequên-cias. Apneia, parada cardiorrespiratória e até lesão no cérebro podem acontecer”, afirma o médico especialista em afogamentos David Szpilman, membro da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático.
* Com Leo Queiroz



 

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