
Dos 17 candidatos que entraram com recurso contra decisão da banca de hetero-identificação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que negou a eles o direito de ingressar na universidade pelo sistema de cotas racial, em Montes Claros, apenas oito conseguiram reverter o resultado e poderão fazer a matrícula no curso para o qual foram aprovados pela nota do Enem.
Como O NORTE mostrou na edição de 1º de março, mais de um terço dos candidatos autodeclarados negros ou pardos e aprovados no primeiro semestre da UFMG foram barrados pela banca de heteroidenti-ficação racial, grupo que analisa as características físicas dos cotistas.
Ao todo, dos 885 que tiveram aspectos como cor de pele e textura do cabelo analisados, 346 não conseguiram o aval para ingressar na universidade por meio do benefício.
Os números englobavam alunos de BH e de Montes Claros. Para o campus do Norte de Minas, dos 43 candidatos que compareceram para a análise, 24 tiveram o registro acadêmico confirmado, e 19, recusados. Desses 19, 17 entraram com recurso – oito tiveram o pedido aceito e nove, negados.
Os estudantes que entraram com recurso passaram por uma segunda banca, composta por avaliadores diferentes.
PROCESSO
A banca de heteroidenti-ficação foi implantada no ano passado em universidades federais e concursos públicos, com intuito de evitar fraudes nas declarações raciais.
Um dos candidatos barrado na etapa inicial é de Salinas e, através do recurso, conseguiu entrar pelo sistema de cotas para o curso de agronomia. “Não tenho o cabelo crespo, mas sou de pele parda e posso, por lei, fazer parte desse sistema. Acredito que a dor de cabeça que tivemos que passar foi uma forma de preconceito”, destaca o estudante, que pediu para que não fosse identificado.
Em BH, candidatos barrados pela banca prometem acionar a Justiça para conseguir estudar na universidade. Eles questionam os critérios adotados pela comissão.