Canteiro de negócios: mesmo com receita em queda, construção atrai mais empreendedores

Evaldo Magalhães
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24/06/2021 às 00:51.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:15
 (Arte HD)

(Arte HD)

Um dos setores econômicos menos impactados pela pandemia da Covid-19, em 2020, a construção civil não iniciou este ano com o mesmo gás. Com o encarecimento de insumos e o aumento da Taxa Selic, o segmento chegou a apresentar, em março, após resultados seguidos de alta ou estabilidade, uma queda de 34% no faturamento, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

Mas isso não foi suficiente para diminuir a confiança de micro e pequenos empresários nos negócios do ramo – tal indicador, em Minas, subiu 15 pontos em maio em relação a abril, segundo o Sebrae Minas, atingindo 115 pontos em 200 possíveis. E tampouco a atração de novos empreendedores.

Também conforme o Sebrae Minas, de janeiro a maio, os serviços relacionados à construção somaram no Estado cerca de 10,5 mil aberturas de microempresas, empresas de pequeno porte e Microempreendimentos Individuais (MEI). Essa última modalidade foi responsável por nada menos que 9.316 inscrições. 

O número pode não parecer muito se comparado aos de outros segmentos, mas o percentual de fechamentos no período sobre o de criações de micro e pequenas empresas e os MEI (26%) é francamente favorável.

O comércio, por exemplo, abriu em torno de 34,6 mil pequenos negócios no Estado, mas fechou 13,6 mil (quase 40%). Enquanto isso, no setor de serviços, houve 58,7 mil inaugurações e cerca de 18,8 mil encerramentos (32%) . 

“Na construção, mesmo com o faturamento caindo em março, os empresários seguem confiantes em resultados em médio e longo prazos. Isso vale para empreendedores de menor porte, muitos deles pessoas que eram funcionárias de grandes empresas, mas viram oportunidades no mercado e abriram seus próprios negócios, sobretudo como MEI”, afirma Jefferson Santos, analista do Sebrae Minas.
 
REFORMAS
O mestre de obras Antônio José Ribeiro se encaixa nesse perfil. Desligado de uma grande construtora há cinco anos, ele decidiu empreender e inscreveu-se como MEI, mas deixou a ideia um pouco de lado até reativá-la, este ano. Com a “Fala Comigo”, MEI de construções e reformas, não tem faltado serviço.

“Faço tudo, da fundação à entrega das chaves de imóveis. Mas o que tem gerado muita demanda por agora são as reformas, já que, com a pandemia, as pessoas ficam mais em casa e resolvem mudar os ambientes”, diz Ribeiro.


Visão de mercado e preparo são essenciais
O arquiteto Rodrigo Moura também viu os negócios expandirem na pandemia. De uns meses para cá, ativou a própria microempresa em sistema de home office – deixando de lado o escritório físico do qual era sócio. Agora, com estagiários e colaboradores, convocados a cada novo projeto, diminuiu custos e elevou significativamente o faturamento. 

“Com a demanda crescente na pandemia por reformas e alterações em imóveis, vimos que valeria mais a pena fazer tudo de forma remota. Assim, conseguimos ampliar a atuação”.

Especialista em fachadas de lojas, Filipe Barreto aproveitou a demanda para turbinar a empresa, criada neste ano como MEI. Ele não tem do que reclamar e já pensa em dar mais um passo: tornar-se contribuinte do Simples Nacional. 

“Pelo que tenho sentido do mercado, a tendência é que minha empresa individual cresça e mude de patamar. Mas, antes, pretendo me estruturar melhor, porque sei que a gestão terá de ser muito bem feita e a carga tributária também subirá”, afirma 

Para Jefferson Santos, analista do Sebrae Minas, tanto a medida adotada por Rodrigo quanto a preocupação de Filipe são exemplos a ser seguidos por empreendedores. 

“Ao planejar crescimento, também é preciso buscar conhecimentos e assessoria, como a do Sebrae, em questões como gerencial, contábil, tributária e de pessoal”, afirma.

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