Ana Azevedo é ícone da Folia de Reis na região

Aos 17 anos, cantora norte-mineira é pioneira na festa de Alto Belo

Adriana Queiroz
O Norte - Montes Claros
29/01/2020 às 09:16.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:27
 (DIVULGAÇÃO)

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Ana Claudia Ferreira de Azevedo, 17 anos, nasceu em Montes Claros e foi criada em Alto Belo, Bocaiuva. A artista, que canta e toca violão, viola e ukulele, foi em janeiro uma das atrações da 38ª Festa de Folia de Reis de São José de Alto Belo, idealizada pelo pai, Teo Azevedo, autor brasileiro vivo com maior número de músicas gravadas.

No palco, apresentou repertório de cantigas para louvar os três Reis Magos, que levaram incenso, mirra e ouro para o Menino Jesus. Ana reside atualmente em Bocaiuva, pratica Jiu-jitsu e estuda música. “Sou um pouquinho de cada coisa, mas o que gosto mesmo é de cantar, tocar”, diz.
 
Desde quando participa da Folia de Reis?
Com 5, 6 anos, acompanhava papai até onde aguentava. Como era muito pequena, não conseguia ficar muito acordada a noite inteira, mas o tempo que conseguia, foliava, dançava lundu e tudo mais. Na medida em que o tempo passava, fui amando cada vez mais. Aos 12 anos, comecei a tocar violão, meu engate para ser uma foliã, a primeira mulher da Folia de São José de Alto Belo. Entrei aos 12 anos, tocando e cantando. Fazia a primeira voz. Hoje, faço a segunda e, às vezes, a famosa “fininha”, que é mais aguda, a voz feminina, que era feita pelos homens, por não ter, na época, mulher para fazer essa voz na folia.
 
Conte um pouco sobre a sua participação na 38ª Festa de São José?
A 38ª Festa de São José foi a minha volta às festas, aos palcos de Alto Belo. Quando meu pai deixou a organização por conta do mestre Valdo, seu grande amigo, eu não participava mais. Tinha receio de voltar e sentir aquela saudadezinha da casa cheia de artistas, meu pai no palco e eu sempre ao seu lado. Neste ano, voltei. E confesso: chorei de saudade, foi maravilhoso fazer meu primeiro show sozinha. Até então, subia ao palco como participação especial nos shows de papai. E ele estava lá, só me assistindo, um momento mágico para mim.
 
Como é acompanhar Teo Azevedo e o que ele representa para você?
Acompanhar meu pai é algo maravilhoso. É como se eu tivesse dois pais em um só, um pai e um músico. Pai é sempre o pai coruja, me dá carinho, mimos, broncas (porque, às vezes, são necessárias), e, o melhor de tudo, amor de pai para filha. Ele é um pai amoroso. Dos pequenos aos grandes detalhes, sempre se destaca como pai. Como músico, é desafiador para mim, pois cada poesia, melodia, nota errada, fica mais presente ainda. Um homem de grande talento, corrige meus erros no tempo certo.
 
Quais são seus planos para 2020?
Eu e papai queremos gravar um CD. Sem prévias de quando sairá, mas estaremos juntos.
 
Você acha que a tradição das festas vai permanecer entre as novas gerações?
Acredito que sim. Penso que uma tradição nunca morre. A festa toca a todos, muitos dão muito de si para que essa festa maravilhosa, que começou com Teo, não tenha fim.
 
Além da música, você gosta muito de moda, não é?
Quero me formar em moda, mas me parece que a vida cada vez mais tem me conduzido para o mundo da música. Não sei se levaria a música de forma profissional. Amo cantar, tocar, mas acho que, se virasse uma obrigação, perderia o encanto. Sempre que posso, viajo com papai pra conhecer coisas novas da música, rodas de samba, chorinho, instrumentos que nunca vi ou toquei, artistas, locais culturais. Às vezes, viajo para fazer participações especiais, muito especiais, nos shows dele.

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