![]() |
Meu nome é Wendell Guilhoto e quero falar sobre a importância do Rugby em minha vida. Para isso teremos que voltar a 6 anos, quando fui diagnosticado com uma doença crônica, com a qual teria que conviver o resto de minha vida.
Eu era praticante de Jiu-jítsu, aluno do professor mais respeitado de Montes Claros, Vilsão Martins, e na época foi um choque muito grande pelo fato de, por orientação médica, eu ter que abandonar esse esporte que eu tanto amava e já praticava há 5 anos. Foram dois anos experimentando tratamentos médicos diversos até chegar a certa estabilidade na doença. Eis que então um grande amigo (Joanir Mauricio) me convidou para um treino de Rugby, que era o primeiro do Montes Claros Rugby. Confesso que nunca havia ouvido falar no esporte em minha vida, mas ao ver vídeos na internet, me apaixonei e aceitei o convite.
O primeiro treino foi um desastre. Falta de ritmo físico, de coordenação motora e de conhecimento do esporte, mas tinha um cara que sempre me colocava para cima e me fazia sentir peça fundamental daquele grupo que estava sendo formado. Essa pessoa era o grande e lendário coach Glenn Townshend.
Com o passar do tempo fui conhecendo melhor cada um que ali treinava, cada um com sua história e sua bagagem, tinha pessoas, como eu, vindas do Jiu-jítsu, do Muay Thai, do futebol americano, e de tantos outros esportes. Eu ainda estava com um pouco de receio pelo fato de minha doença, até que, então, conheci a história do capitão, Gabriel Batista, ou Gabriel Fox, que tem diabetes e todos os dias tem que tomar doses de insulina. Aquilo me inspirou, saber que esse esporte era mais forte que patologias complicadas como essa.
Nestes 4 anos, conheci muitas pessoas, fiz muitos amigos, mas amigos de verdade, irmãos, que irei levar a vida toda comigo. Muitas viagens, horas e mais horas dentro de ônibus e conhecendo pessoas e fazendo amigos por toda Minas Gerais.
Tivemos bons e maus momentos nesta história, subimos e descemos de divisão, perdemos todas as partidas em um ano e ganhamos todas em outro, mas nunca perdendo nossa maior qualidade, qualidade essa que é referência e reconhecida em todos os lugares que passamos, que é a ‘lealdade’ e o ‘jogo limpo’, tudo isso aprendido com nosso treinador Glenn. Antes de todos os jogos ele nos dizia: Jogue duro, mas principalmente, have fun (ou divirtam-se, no bom português).
Eu só tenho a agradecer no Rugby, agradecer ao Joanir que me convidou, ao Gabriel que me inspirou, e a todos os irmãos que me deram a honra de lutar ao seu lado em cada batalha. Até hoje me arrepia entrar em campo e olhar para o rosto de cada um antes da partida e ver a entrega, saber que posso confiar minha vida em cada um que ali está. Só quem joga sabe como é boa essa sensação.
Hoje me encontro afastado por conta de problemas de saúde, mas fui dar um apoio aos meus companheiros antes de mais um jogo importante que está por chegar e meu grande amigo e também atleta do time me fez a seguinte indagação: “Tem alguma coisa que te deixa chateado no time?” Eu respondi a única coisa que me veio na cabeça na hora: “Minha única tristeza no Rugby é de não ter conhecido esse esporte antes, não sei como vivi tanto tempo sem jogar Rugby! TERREMOC!”
