Tiros, porrada e bombas

Impunidade é ‘incentivo’ para recorrência de casos de violência no país do futebol

Henrique André
Hoje em Dia - Belo Horizonte
Publicado em 12/07/2017 às 23:32.Atualizado em 15/11/2021 às 09:31.
 (Flávio Tavares)
(Flávio Tavares)

A diminuição da violência entre torcedores, um dos legados esperados quando o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a Olimpíada – eventos realizados entre 2013 e 2016 –, infelizmente não passou de ilusão. Este ano, primeiro após o boom de competições, os números assustam e fazem a fantástica campanha do Corinthians, líder do Brasileirão com quase 90% de aproveitamento, ficar em segundo plano nos noticiários.

A cada clássico (regional ou nacional), confrontos entre integrantes de organizadas, todos eles com feridos e/ou mortos, escancaram a ineficiência no combate e, principalmente, na punição aos envolvidos. 

De acordo com o sociólogo Maurício Murad, professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo), de 2014 a 2016, apenas 3% dos crimes relacionados ao universo do futebol foram punidos pela Justiça.

Com nove mortes confirmadas em 2017, o cenário no país da bola é cada dia mais assustador. “Estes marginais não respeitam nem as próprias torcidas e nem a polícia. A Justiça deveria ir até as últimas consequências, mas infelizmente não é o que acontece”, comenta Murad, que estuda a violência no futebol há três décadas.
 
AÇÃO CONJUNTA 
De acordo com o sociólogo, uma das soluções preventivas seria uma parceria entre o poder público e as torcidas organizadas, envolvendo ídolos dos clubes, para deixar claro o recado da paz. Campanhas promocionais para levar de volta as famílias aos estádios também deveriam ser feitas, segundo ele. “A maioria dos integrantes destas torcidas é de bem. Criar um Disque-Denúncia também facilitaria e muito o processo de prevenção e identificação”, sugere o sociólogo. “A polícia precisa ser treinada. A presença dos policiais tem que ser ostensiva em dias de jogos para dar a devida segurança às pessoas de bem”, acrescenta.

Já para o Ministro do Esporte, Leonardo Picciani, a violência nos estádios é intolerável. “Espero que o mais brevemente o poder judiciário aplique as penas da lei para esses marginais disfarçados de torcedores”, respondeu à reportagem do Hoje em Dia pelo Twitter.

Em 12 rodadas das Séries A e B do Brasileiro, vários casos de violência já foram registrados dentro dos estádios e nos entornos, com São Januário e Beira-Rio liderando este lamentável ranking. No Serra Dourada, no último 24 de junho, a imagem de um pai tentando deixar o campo de batalha que se transformou a geral do estádio, com o filho pequeno no colo, marcou o clássico Vila Nova 2 x 0 Goiás.
 
CENÁRIO EM MINAS
Apesar de viver tempos de paz no entorno e dentro de Mineirão e Independência, Minas Gerais tem tido altos custos para diminuir os confrontos. Em dias de clássicos, cerca de 3 mil policiais são deslocados para fazer a segurança de atleticanos e cruzeirenses em vários pontos da capital.

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