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Sexta-Feira,21 de Novembro

Sapatada na rechonchuda: Histórias do Mineirão: Dadinho, o comentarista chique - por Nairlan Clayton Barbosa

Jornal O Norte
Publicado em 29/09/2008 às 15:46.Atualizado em 15/11/2021 às 07:45.

Nairlan Clayton Barbosa


www.sapatada.blogspot.com



No último Brasil e Argentina válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo, e que foi disputado no Gigante da Pampulha, tivemos a honra de estar com nossa equipe de Esportes fazendo a cobertura e inaugurando também nossas transmissões internacionais pela 104.9, Expressão FM.



Como era um jogo de grande envergadura, chegamos ao Mineirão bem cedo para fazer as instalações de nossos equipamentos e deixar tudo pronto para o início da partida logo mais a noite, depois das nove e meia.



Como seria muito cansativo terminar o jogo por volta da meia noite e pegar a estrada, decidimos dormir em BH, para só depois pela manhã tomarmos o caminho de volta.



Sendo assim, e tomada esta providência, ficamos hospedados ali mesmo no entorno da Afonso Pena, no Hotel Vitória, a poucos metros do Oiapoque, tão tradicional e tão popular pelas mercadorias de baixo preço em suas dependências.



No dia do jogo, terminada a instalação do equipamento, e depois de pegar a bóia num daqueles self-services baratos do centro de BH, decidimos dar uma descansada, e, após às 17 horas irmos para o Mineirão iniciar nossos trabalhos, como é de praxe de todos que trabalham na imprensa esportiva.



O nosso personagem lá estava, é claro, muito otimista em tudo que dizia, como sempre.



Na equipe, Lu Salles, o repórter Samuel Nunes, eu e Dadinho, nosso comentarista-mór, o personagem central de nossa história.



Pois bem, lá pelas duas da tarde, decidi tirar um cochilo e, combinamos que por volta das quatro e meia, quem acordasse primeiro deveria chamar os demais.



Assim combinado, não teve jeito, acordei por volta das quatro mesmo, já que a tarefa do sono não me é peculiar, tomei meu banho, pus a roupa costumeira e chamei o Lu Salles, pois dividíamos o mesmo quarto. Este acordou, fez o mesmo e partimos para o quarto onde se encontrava o Samuel Nunes e nosso comentarista Dadinho. Só que para nossa surpresa, Dadinho não estava mais no aposento, e por obséquio, ainda fez a proeza de trancar o Samuel dentro do recinto. Pronto, sururu formado! Samuel não tinha chave, o recepcionista não tinha a chave do quarto, o porteiro não tinha a chave. Aí procura chave, procura recepcionista de hotel, procura Dadinho, e nada de ninguém encontrar ninguém. E Samuel preso dentro do quarto. E o tempo passando...



E chega cinco horas, cinco e meia, quase seis e nada de ninguém tirar Samuel do quarto. Quando todos do hotel estávamos em polvorosa já pensando em arrombar a porta para salvar o repórter-profeta, chega Dadinho, contente, sorridente, feliz da vida, avisando que tinha ido comprar um barbeador para se aprontar para o evento da noite. Assim, do nada. Como quem estivesse completamente alheio ao seu derredor. Com a menor pretensão possível e sem se dar conta da loucura que havíamos estado em função da chave não ter sido encontrada.



Mas tudo bem, menos mal, era dia de festa, o Brasil iria jogar e tudo era perdoável. Não iríamos estragar nossa estadia na terra das alterosas por nada. Era nossa primeira transmissão internacional, afinal. Não iríamos nos abalar por isso.



Resolvido o imbróglio, não queríamos perder o melhor da festa e por isso tratamos de nos arranjar para ir buscar o carro no estacionamento. Samuel, o preso, estava bem, Lu Salles menos estressado, Dadinho indo fazer a sua barba, e nós fomos para o estacionamento apanhar a viatura e nos dirigir para o Gigante da Pampulha. Apenas um pequeno detalhe: Dadinho precisava fazer a sua barba e isso não demoraria mais que vinte minutos. Só isso.



Só Isso?



Na sua concepção, ou na minha.



Na do nosso comentarista não foi o que aconteceu.



Dadinho demorou mais dez, vinte, trinta, quarenta e cinco minutos, uma hora, uma hora e meia na sua barba, que parecia mais ser uma barba de longos metros, como a de um judeu, ou de Jesus Cristo, do jeito que o pintam, ou sei lá, uma barba de bode, qualquer coisa, menos simplesmente uma barba comum do dia-a-dia.



Ligamos, uma, três, dez vezes para o celular dele e nada do Dadinho aparecer.



Quando já estávamos desistindo desta possibilidade, ou quando já nos preparávamos para ir sem o comentarista, ave, ave!!! Eis que surge, totalmente envolto numa vestimenta de gala, redundada em terno, gravata, colete, sapatos pretos, barba feita, cabelos penteados com gel, a la tempos da brilhantina, o próprio: Dadinho!



Ficamos estarrecidos, afinal, nós estávamos com as famosas domingueiras em nosso corpos. Nada muito formal, nem informal. Mas sinceramente, diante daquela cena, ficamos em dúvida se iríamos mesmo para o jogo Brasil e Argentina ou se era para a posse de JK no Palácio da Liberdade.



Mas o Dadinho não. Nem se perturbou. Ele estava elegante, chique, trajado em finas vestes sobre as quais em comparação nós nos sentimos totalmente mendigos. Olhamos um para outro, outro para o um, entramos no carro e fomos, certos de que estávamos indo para o evento errado, ou então nós estávamos errados e o evento certo.



Para nosso alento, quando chegamos, verificamos que grande parte da imprensa nacional estava vestida como nós. Menos mal.



Mas, era mesmo interessante observar que nosso comentarista estava elegantemente posado para as câmeras que circundavam o local.



De certa maneira, o nosso Dadinho nos ensinou que mesmo para um evento futebolístico, é bom a gente ir bem vestido, pois como diz um velho jargão comercial televisivo: imagem é tudo.



Salve Dadinho, o comentarista chique!



AQUELE ABRAÇO: Para a Galera do time do Funcionorte, o Dão e o Pedrão, que estão sempre nos passando informações e também ligados nas transmissões da Rádio Expressão FM 104.9

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